MEU QUERIDO ZIMBÁBUE


Imagine acordar sem pressa, no ritmo dos elefantes, em uma ilhota do rio Zambeze, ouvindo estrondosos grunhidos de hipopótamos e vendo da varanda do bangalô a algazarra dos macacos enquanto o sol desponta feito uma bola de fogo no horizonte. Simplesmente estarrecedor! Era com essa energia que começavam meus dias no inesquecível Zimbábue.

Victoria Falls River Lodge, no Zimbábue.

No coração da África Austral, o Zimbábue (chamado de Rodésia do Sul até 1980) está aninhado entre Botsuana, África do Sul, Moçambique, Namíbia e Zâmbia e não tem passagem para o mar. Mesmo assim, a vida selvagem floresce em abundância pois corre um turbilhão de água ao longo de mais de 2.000 quilômetros pelo rio Zambeze desde a vizinha Zâmbia, até despencar nas Cataratas de Vitoria e por fim atravessar Moçambique para desaguar no oceano Índico. Onde há água, há vida. E exatamente por isso os hipopótamos, elefantes, crocodilos e tantos outros animais eram minhas companhias constantes na ilha privada de Kandahar, onde fiquei hospedada em uma das seis tendas da novíssima ala do Victoria Falls River Lodge e vivi dias memoráveis. 

As Cataratas de Vitoria marcam a fronteira Zimbábue-Zâmbia.

Esse foi o primeiro hotel com permissão para existir dentro do Parque Nacional do Zambeze. A propriedade familiar foi construída em 2012 com extremo respeito pelo meio ambiente e é visivelmente comprometida com a comunidade local. Reinveste parte do lucro em projetos ambientais, sociais e culturais focados em beneficiar o destino e deixar um legado.

Nas águas tranquilas do Zambeze vivem centenas de hipopótamos nada amigáveis.

A ala que deu vida ao Victoria Falls River Lodge em 2012, conta com 12 tendas de madeira, palha e lona, de padrão cinco estrelas, com spa, lojinha e restaurante em uma extensa área aberta, de frente para o rio, mas no continente. 

Com 12 tendas à beira-rio nasceu o Victoria Falls River Lodge.

Recentemente, uma segunda ala, com apenas seis luxuosas tendas sobre palafitas, chamadas de Island Treehouse Suites, foi construída às margens do rio em uma ilha privada, acessada em cinco minutos de lancha, a partir da sede principal.

Tendas sobre palafitas na ilha de Kandahar.

O projeto assinado por Jena Gradwell é elegante e bastante moderno. As tendas têm muito vidro adaptado às estruturas de madeira e a paisagem praticamente invade o bangalô. No deque de cada acomodação, uma piscina redonda se debruça sobre o rio e ajuda a acalmar o calor que ferve no meio da tarde. O quarto é extremamente confortável, com cama super king size protegida por mosquiteiro e ar condicionado. O banheiro é imenso e todo envidraçado. Da banheira os olhos alcançam os hipopótamos que deixam apenas as orelhinhas e parte do dorso para fora da água. Para evitar saídas desnecessárias da acomodação, o minibar é muito bem abastecido.

Lodge contemporâneo espetacular!

Durante o banho, os hipopótamos são companhias certeiras no horizonte.

As refeições estão incluídas no valor da diária e são maravilhosas. O restaurante oferece cozinha africana com influência internacional. É interessante que cada refeição é servida em um local diferente.

  
Come-se muito bem na África.

Além disso, os hóspedes também têm inclusos dois safaris ao dia, seja de lancha pelo rio, a pé ou em jipe 4x4 aberto. Nos safaris de lancha me senti praticamente num parque da Disney ao encontrar elefantes bebendo água bem na minha frente, crocodilos à margem do rio e muitos hipopótamos a uma pequena distância do barco.

Safari de jipe entre elefantes e girafas ou de lancha entre hipopótamos e crocodilos.

Já no safari de carro 4X4, vi muitas gazelas, macacos e girafas, além de fazer um pitstop para um drinque ao pôr do sol cercada de elefantes. Mágico. Basta dizer que o lodge foi premiado em 2022 pela Condé Nast Johansens Awards for Excellence.

  
O Zimbábue tem muita vida selvagem.

A novidade que acaba de sair do forno é a inauguração de uma vila super exclusiva na beira do rio, a 500 metros da sede principal, com capacidade para receber até 4 pessoas em privacidade total, com acesso feito em carrinho de golfe.

Tenda inaugurada recentemente com capacidade para 4 pessoas.

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O rio Zambeze define a fronteira entre Zimbábue e Zâmbia. Os países são conectados por uma ponte que passa sobre as Cataratas de Vitoria. Os abismos que despencam a 108 metros de altura são o principal atrativo da região. Obviamente a catarata está listada como Patrimônio Mundial da Unesco e está entre as 7 Maravilhas Naturais do Mundo. É a maior queda d’água da África. 

Da ponte que conecta Zâmbia e Zimbábue as pessoas fazem bungee jump.

Portanto, aqui vai uma dica importante. Faça visto com múltipla entrada para Zimbábue e Zâmbia e assim poderá circular sem dificuldade pelos dois países. Garanto que você vai querer atravessar essa fronteira para conferir o que tem do lado de lá e quem sabe saltar no famoso bungee jump da ponte ou encarar um rafting recomendado para a galera de nível avançado, na Garganta de Batoka, talvez acompanhado por algum crocodilo. Já deu para perceber que os esportes radicais são um dos atrativos da região.

Visita às cataratas, do lado do Zimbábue.

Não deixe de fazer a belíssima trilha pela borda das Cataratas de Vitoria no lado do Zimbábue e atravesse para a Zâmbia para mergulhar na piscina natural Devil’s Pool, uma das aventuras mais temidas e ao mesmo tempo disputadas do continente africano. Nos meses de outubro e novembro, o volume de água está mais baixo, portanto, o risco é menor. Sim, é perigoso. 

A loucura de nadar na Devil's Pool, nas cataratas do lado da Zâmbia.

Também na Zâmbia, vale fazer um walking safari para encontrar os rinocerontes brancos (que na verdade também tem cor cinza, mas se diferenciam dos outros pelo formato da boca) numa caminhada repleta de adrenalina no Parque Nacional Mosi-Oa-Tunya, acompanhado por rangers (guardas armados). Eles conhecem muito bem os hábitos dos animais e inclusive se comunicam com os rinocerontes fazendo sons, como se fossem membros de uma grande família. Foi ali que aprendi que os rinocerontes são mais amigáveis do que os hipopótamos, mesmo que pareça o contrário.

Um dos encontros mais emocionantes da África.

Passei 3 dias no Zimbábue, no Victoria Falls River Lodge e depois outros 3 dias na Zâmbia, onde fiquei hospedada no Tongabezi, também às margens do rio Zambeze. Lá visitei um vilarejo local, uma escola e um projeto comunitário de profissionalização.

Tujatane, Tongabezi Trust School, na Zâmbia.

Esses dois países tiveram história conturbada com problemas políticos e econômicos num passado recente. A Zâmbia se chamava Rodésia do Norte e o Zimbábue era a Rodésia do Sul, duas ex-colônias britânicas. Por mais de uma década, o mundo ficou impedido de visitar as belezas naturais e a biodiversidade dessa região. Agora, a situação está estável e o turismo tem acontecido com tranquilidade. Tanto que vários grupos hoteleiros focados na sustentabilidade como o Great Plains Conservation e o Singita vem investindo esforços para aumentar o turismo, auxiliar no empoderamento das comunidades locais e contribuir na preservação da fauna e da flora. 

Comprar uma peça do artesanato é um modo de movimentar a economia local.

ENFIM

Quem pensa que todos os países da África são “praticamente iguais” se engana redondamente. Cada um deles tem suas próprias peculiaridades e curvas históricas que desembocam em experiências únicas. Estive recentemente na Tanzânia que se destaca pelo espetáculo da Grande Migração e pelos safaris de balão; em Ruanda é imperdível fazer o trekking com os gorilas; a Zâmbia é espetacular para encarar um walking safari com os rinocerontes brancos e visitar os vilarejos locais; em Botsuana vale conhecer Delta do Okawango, Chobe e Deserto de Kalahari com safaris rústicos de mokoro, lancha e jipe aberto; a África do Sul é bacana para a primeira experiência de safari, para conhecer o charme de Cape Town e dos vinhedos ao redor; no Zimbábue vale viver dias de paz às margens do rio Zambeze cercado por uma fauna exuberante em um lodge focado na sustentabilidade e curtir as Cataratas de Vitoria. 

Além disso, em outras viagens estive no exótico Marrocos, em Angola e no histórico Egito. Posso afirmar que voltar e voltar à África está longe de ser figurinha repetida.

O Zimbábue me encantou!

Ir embora desse continente repleto de sorrisos e gentilezas não é fácil. Só tenho a agradecer por tudo que aprendi e pelo tanto que cresci espiritualmente. Aqui vai meu muito obrigada no idioma xona, o mais falado no Zimbábue: ndatenda.

Ndatenda!

INFORMAÇÕES IMPORTANTES

QUANDO IR

Os meses de maio a outubro são os melhores para ir ao Zimbábue por estar fora do período chuvoso e ter temperaturas um pouco mais amenas. Minha viagem aconteceu no final de outubro e peguei dias lindos de sol.

COMO CHEGAR

Cheguei no aeroporto de Livingstone, na Zâmbia, vindo da Etiópia. Atravessei a fronteira para o Zimbábue com o motorista do hotel Victoria Falls River Lodge em menos de 30 minutos. 

QUE MOEDA USAR

Dólar americano. Cartão de crédito é aceito na maioria dos lugares.

DOCUMENTOS NECESSÁRIOS 

Passaporte válido por no mínimo 6 meses após a chegada e visto com entrada dupla para poder atravessar a fronteira Zimbábue-Zâmbia. O visto pode ser feito online (prefiro sempre antecipar a documentação) mas também pode ser feito no aeroporto no momento da chegada ou nos postos de fronteira. Certificado de vacinação contra febre amarela e covid-19 também devem estar em dia.

ONDE FICAR

Victoria Falls River Lodge (amei!) ou Mpala Jena (Great Plains Conservation) às margens do rio Zambeze

Tembo Plains Camp, em Sapi Reserve ao norte do país, ao lado do Parque Nacional de Mana Pools (Patrimônio Mundial da Unesco), também Great Plains Conservation.

Singita Pamushana Lodge, ao sul do país, na fronteira com a África do Sul, na Reserva Malilangwe

CURIOSIDADES SOBRE O ZIMBÁBUE

O país tem aproximadamente o tamanho do Mato Grosso do Sul.

Harare é a capital do Zimbábue, mas não é uma cidade muito turística.

Idiomas oficiais são 16 sendo xona, ndebele e inglês os mais falados.

As Cataratas de Vitoria são a principal atração do país.

O Parque Nacional Mana Pools é Patrimônio Mundial da Unesco 

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COMENTÁRIOS

  1. Cada vez que leio sobre a África me emociono. Preciso conhecer esses países lindos e sofridos.
    Obrigada por tanta inspiração.
    Beijos Marcella

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