O MELHOR DE QUITO

Enquanto o sol invadia o quarto, as badaladas do sino da Igreja de São Francisco anunciavam mais um amanhecer em Quito. Eu estava a 2.850 metros de altitude, nos contrafortes andinos, e saltei da cama lentamente para não perder o fôlego. O ar é rarefeito. Afinal, a capital do Equador é a segunda mais elevada do mundo, ficando atrás apenas de La Paz. Preparei um chá e sentei na varanda com um sorriso no rosto para ver o dia nascer. Foi quando Quito roubou meu coração com sua beleza estonteante.

Pela varanda do hotel Casa Gangotena, Quito.

Definitivamente, o centro histórico é a estrela maior de Quito. Se espalha por ruelas estreitas muito bem preservadas, com igrejas, praças, museus e casarios coloniais que mesclam influência espanhola e indígena. Esse tesouro, que se estende por uma área de 3.75 quilômetros quadrados e tem mais de 5 mil propriedades tombadas, (dentre elas mais de 50 igrejas, capelas e monastérios de ordens católicas), foi declarado como o “Primeiro Patrimônio da Humanidade pela UNESCO”, em 1978.

Igreja de São Francisco, Quito, Equador.
 
E era exatamente de uma das esquinas da Praça de São Francisco, em pleno centro antigo, da varanda de um dos quartos do hotel Casa Gangotena, uma bela mansão tombada, que meus olhos saltavam incrédulos para lá e para cá, entre tantas cúpulas, torres e telhados históricos.

Centro Histórico de Quito.

O Casa Gangotena é um hotel boutique de 31 acomodações, com selo Relais & Chateaux, no melhor ponto possível para se desvendar Quito. Ocupa um casarão do século XVIII que sofreu com um incêndio e foi totalmente recuperado em 1920.

Casa Gangotena e ao fundo, no alto do morro, o Monumento a Virgem de El Panecillo.

Amplos salões iluminados, jardins internos e muitas flores dão um toque elegante, intimista e romântico. Os quartos são grandes, bem iluminados, com pé direito alto, cortinas imponentes, cama extremamente confortável, banheiros de mármore com banheira, amenities L’Occitane, roupões de toque confortável, chinelos e uma calorosa recepção com frutas, água, café e chá. Mimos que fazem a diferença.

Recepção do Casa Gangotena.

Jardim interno iluminado e florido.

A elegância dos apartamentos do Casa Gangotena.
 
Do terraço, no terceiro andar, se vê boa parte do centro histórico. É um dos locais mais concorridos da cidade para um drinque ao entardecer. Não perca essa oportunidade por nada. O serviço é gentil e atencioso. Aliás uma constante em todo o Equador. As pessoas são extremamente receptivas. 
   
   
O Canelazo é um dos drinques típicos de Quito.
 
O hotel fica a 30 quilômetros do aeroporto, num trajeto que dura ao redor de 45 minutos. 
 
Nesse momento de pandemia, com novos protocolos de segurança, os hóspedes passam por uma cabine de ozônio para entrar no hotel, as malas são desinfetadas, a temperatura é aferida, o check in e o check out são feitos online. O restaurante está com o número de mesas reduzido. Aliás, o restaurante é maravilhoso. Foi lá que conheci a tradicional Sopa de Locro, na qual fiquei viciada e até pedi a receita ao chef.

   
Comprando urucum em pó para preparar uma Sopa de Locro.
 
SOPA DE LOCRO
 
Ingredientes
 
1 colher de sopa de azeite
1 cebola inteira
2 dentes de alho picados
1 colher de chá de cominho moído
1 colher de chá de urucum em pó
6 batatas descascadas e cortadas em cubos
3 xícaras de água
1/2 xícara de leite
1/2 xícara de queijo minas em cubos
 
Modo de Preparar
 
Aqueça o azeite em fogo médio.
Adicione a cebola e cozinhe por 2 minutos.
Adicione o alho, cominho e urucum à frigideira. Cozinhe por 5 minutos, mexendo sempre. 
Adicione as batatas e cozinhe por 5 minutos, mexendo ocasionalmente.
Adicione a água até as batatas. Leve para ferver em fogo alto. Cozinhe até que as batatas estejam macias, cerca de 15-20 minutos.
Usando um espremedor de batatas, amasse parte das batatas. A consistência da sopa deve ser cremosa com pedaços de batata.
Abaixe o fogo, adicione o leite e cozinhe por mais 5 minutos.
Adicione sal e pimenta a gosto. Misture os cubos de queijo.
Sirva a sopa com abacate em cubos e milho.
 
Depois do banquete com essa delícia de sopa, é hora de sair para fazer a digestão.

Quito merece muitas caminhadas.
 
E vamos combinar que Quito é um convite à contemplação. Caminhe sem presa. Até porque a altitude não vai dar chance de muitas peripécias nos dois primeiros dias após sua chegada. Cada passo cansa! A respiração fica curta. Beba muito água, coma pouco, evite bebidas alcoólicas e vá até onde seu pulmão deixar. Logo seu corpo estará adaptado e produzirá um exército de glóbulos vermelhos para ajudar na oxigenação.
 
   
Ruelas muito bem preservadas no centro de Quito.

A Igreja de São Francisco é um bom ponto de partida. Linda tanto por dentro como por fora. Começou a ser construída em 1550 e foi concluída apenas em 1680. Guarda a imagem da Virgem de Quito no altar-mor. 

Praça de São Francisco.

     
Escadaria e interior da Igreja de São Francisco.

Um quarteirão à frente e você estará na Igreja da Companhia, com ornamentação interna riquíssima, coberta por placas de ouro. Na Praça Grande ou Praça da Independência estão: a Catedral Metropolitana, a Igreja do Sagrado, o Palácio Presidencial. Mais distante você verá a Basílica do Voto Nacional, no Parque Garcia Moreno. 
 
   
Igreja da Companhia com paredes revestidas em ouro.

Museus são muitos. Visitei apenas o Casa del Alabado de Arte Pré-Colombiana. Com a pandemia evitei entrar em lugares cheios. Esse museu estava praticamente vazio.
 
Ainda no centro, a Calle la Ronda é a rua mais antiga de Quito. A boêmia é seu carro chefe. Um lugar que emana arte e música. No entanto, fique atento ao caminhar depois do entardecer pelo centro. Infelizmente, é perigoso. Recomendação tanto de uma amiga equatoriana que mora na cidade como do concierge do hotel.
 
Calle La Ronda.

Quito foi fundada em 1534, pelo espanhol Sebastian de Benalcázar, nos Andes, sobre uma antiga cidade inca, 30 quilômetros ao sul da Linha do Equador, aos pés do vulcão Pichincha. Aliás, esse não é o único vulcão da região, a cidade é rodeada de vulcões por todos os lados. Muitos deles ativos e que podem ser visitados.
 
Para subir ao vulcão Pichincha e chegar a 4.050 metros de altitude basta tomar o teleférico. Se o tempo estiver aberto, o que não é uma constante em Quito, você terá um bela vista da cidade. Os vulcões equatorianos Cotopaxi, Chimborazo e Sangay estão entre os mais altos das Américas.

Vulcão Chimborazo.
 
Outro local para ver a cidade do alto é o Monumento a Virgem de El Panecillo. A subida é puxada. Nesse caso, vá de Uber. Uber funciona bem e dizem ser mais seguro do que os taxis convencionais em Quito.
 
Um dos pontos mais marcantes de Quito é a Linha do Equador. Ela foi estabelecida oficialmente em 1730, por uma expedição francesa, marcando o centro do mundo. No local foi erguido um monumento, onde a foto mais cobiçada coloca os turistas com um pé de cada lado do mundo. Passei pelo monumento no caminho para a Floresta Nublada, quando fui ao Mashpi Lodge. Não cheguei a parar para tirar a foto clássica. Mas, fica a dica.

Linha do Equador.

Enfim, fique em Quito pelo menos 4 dias para conhecer as preciosidades do centro histórico, para ir ao Mirante da Virgem do Panecillo, para subir de teleférico ao vulcão Pichincha, para escolher um bom chapéu Panamá genuinamente equatoriano, para comer muito chocolate e sopa de Locro.
 
Com dois milhões de habitantes, Quito apresenta uma cena bastante cosmopolita. Esse contraste do novo com o velho é encantador. Avenidas amplas, prédios modernos e bons restaurantes. Conheci pessoas maravilhosas em Quito.
 
Inclua no seu roteiro um bate e volta até a Cidade de Otavalo onde tem um famoso mercado de artesanato aos domingos e uma visita ao vulcão Cotopaxi (70 km de Quito).
 
Se quiser ir mais longe programe uma escapada até a cidade de Baños com piscinas termais e muita aventura a 3 horas de Quito e não deixe de ir à Floresta Nublada onde fica o sensacional Mashpi Lodge, também a 3 horas de Quito de carro. 
 
E, por favor, não deixe de viver um sonho de uma semana (pelo menos) em Galápagos. 
 
Outras cidades equatorianas interessantes são Cuenca e Guaiaquil.
 
Basta agora decidir a melhor época para conhecer Quito. A cidade tem temperatura amena praticamente o ano todo. Os termômetros costumam marcar de 12 a 20 graus Celsius sendo que de julho a outubro chove menos do que nos demais meses. Ou seja, qualquer época do ano é boa pedida.

 
Será que Quito me conquistou?
      
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COMENTÁRIOS

  1. quito parece bem interessante. Nunca pensei em conhecer o Equador. Me inspirou.
    Bacana.

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  2. O centro da cidade é muito bem conservado, casas antigas lindas e destaque para a “Igreja dourada”

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    Respostas
    1. O Equador foi uma bela descoberta. Quito é muito interessante. Faltou Cuenca!:)

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