SE PERDER (POR VENEZA) TAMBÉM É CAMINHO

Fora do básico, dotada de belas doses de resiliência, costurada por labirintos sem fim, Veneza é única. Nasceu sobre uma improvável região pantanosa, ganhou um sistema de canais espetacular e desde então vem transitando entre arte, festas, máscaras, nobreza, palácios, igrejas, fontes, Bellinis, gôndolas e muita liberdade. Para descobrir a verdadeira alma veneziana é preciso se perder para então se achar. Caminhe sem medo até encontrar o ponto exato onde a cidade se revela aos que sabem para onde olhar.


Veneza é absolutamente singular.

UMA LAGOA A CAMINHO DO MAR

Suas águas são ruas. Veneza é cortada por longos canais que atravessam a cidade de ponta a ponta. É como se estive flutuando. Afinal, ocupa 118 ilhotas, recortadas por 160 canais, unidas por mais de 400 pontes. Essa proeza de engenharia - listada pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade - está aninhada num arquipélago da Lagoa de Veneza, no noroeste do Mar Adriático, a quatro quilômetros da terra firme e a dois quilômetros do mar aberto.


Obviamente, há conexão entre o mar e a lagoa fazendo com que a cidade esteja sujeita a grandes variações no nível da água. Os ventos e a ação das marés, vez ou outra, causam inundações em Veneza. E esse é, exatamente, seu maior trunfo. A bravura secular.


Uma cidade que flutua.

Sua força vem das bases sólidas que a abraçam desde o século V, quando refugiados se estabeleceram em assentamentos precários, em suas ilhas arenosas, para escapar de invasões bárbaras. Nascia ali, uma das áreas urbanas mais extraordinárias da Idade Média. Suas construções foram feitas em plataformas de madeira apoiadas por estacas no chão. São milhares de palafitas encravadas na lama. Foi assim que levantaram suas casas. Difícil acreditar, que a madeira não tenha apodrecido e que siga contando mais de mil anos de história.


Uma pintura de cidade.

ERA DE OURO DA REPÚBLICA SERENÍSSIMA

 

Não demorou muito até Veneza alcançar notoriedade, tornar-se um importante centro marítimo e uma das mais importantes fortalezas arquitetônicas da humanidade. Ao longo dos séculos IX a XI virou uma potência comercial, um ponto essencial na Rota da Seda. No entanto, com todo esse poder, Veneza era controlada pelo Império Bizantino. Até o momento em que seus governantes buscaram autonomia para se desenvolver como cidade-estado. 

 

No século XV Veneza era a maior cidade portuária do mundo. Essa virada de chave foi determinante para chegar a Era de Ouro da Antiga República Sereníssima, traduzida por muita liberdade e pelo acúmulo de um patrimônio arquitetônico e artístico de valor inestimável. As festas dessa Era de Ouro, você já pode imaginar, especialmente durante o famoso Carnaval. Eram celebrações tão extravagantes e suntuosas que inspiraram o mundo todo. Uma história marcada pela singularidade.


Personalidade não falta.

Sendo assim, Veneza é um destino perfeito para quem quer ler por entrelinhas, sobre um legado de luta, adaptabilidade, opulência e poesia. A guia Maria Laura Bidorini, apaixonada pela história de Veneza, fez meus olhos brilharem ainda mais diante dos tesouros de Veneza. 

 

Mesmo que os primeiros pontos que venham a cabeça sejam: Praça São Marcos, Basílica de São Marcos, Torre do Relógio, Palácio Ducal, Ponte dos Suspiros, Ponte do Rialto, Mercado do Rialto, vá mais longe e fuja do óbvio. 


Veneza vai muito além da Piazza San Marco.

DE FORTUNY A PEGGY

 

Dois museus que me fizeram mergulhar com mais intensidade no patrimônio artístico de Veneza foram o Museo Mariano Fortuny Y Madrazo e Peggy Guggenheim Collection.

 

Quem foram Fortuny e Peggy? 

 

Comecemos pela trajetória genial de Fortuny. Nascido em 1871, na Espanha, ele foi morar em Paris aos 4 anos, com sua mãe Cecília de Madrazo y Kuntz, após a morte prematura do pai. Lá, estudou pintura sob orientação do avô e do tio, inspirado pela proximidade que a família tinha com renomados escritores, músicos, artistas e cientistas que frequentavam sua casa.


Ele se transformou num artista multifacetado cuja contribuição inclui desde a criação de um sistema inovador de iluminação teatral até uma revolução na moda feminina com a criação do tecido plissado, além de um tremendo legado de pintura e fotografia. Sua coleção está exposta no magnífico palacete onde morou em Veneza com sua mulher. Imperdível


Museu Mariano Fortuny Y Madrazo.

Já Peggy Guggenheim foi uma grande colecionadora de arte contemporânea. Filha de uma família de milionários norte-americanos. Seu pai era o empresário Benjamin Guggenheim, que morreu no naufrágio do Titanic, em 1912. Peggy seguiu os passos do tio, Salomon Guggenheim, fundador do museu de Nova York. Em 1949, ela se estabeleceu em Veneza, no Palazzo Venier dei Leoni, às margens do Grand Canal. Lá abriu ao público sua impressionante coleção de arte moderna, uma das mais importantes da Europa, com obras-primas do cubismo, expressionismo abstrato e surrealismo, incluindo Picasso, Dali, Kandinsky, Magritte e Rothko.


Coleção Peggy Guggenheim.

PARA COMER VENEZA


Com vista para os canais de Veneza recomendo os restaurantes Venice M’Art, no andar térreo do hotel Venice Venice e o Gio’s, do hotel The St. Regis Venice. 

 

ONDE FICAR MUITO BEM HOSPEDADO


Aman Venice. Num verdadeiro palácio, com vista para o Grand Canal. O hotel esbanja opulência nos seus salões e divide espaço, em 24 acomodações, com a família proprietária que ainda mora no local.

 

The St. Regis Venice. Uma bela combinação de interiores modernos com a história veneziana. O hotel de 169 acomodações tem como destaque o jardim e o restaurante debruçados sobre o Grand Canal.

 

Venice Venice. De frente para a Ponte Rialto, o hotel-palácio tem astral intimista e elementos contemporâneos, contando com 42 quartos. Destaque para seu restaurante Venice M’Art, às margens do canal.


Madama Venice. Hotel boutique extremamente elegante, com 9 suítes imensas e lindas, numa região onde a vida local de Veneza acontece sem pressa, a alguns passos do frenesi turístico. 


Madama Venice.

* Para mergulhar na verdadeira alma veneziana tive a companhia de Luisa Muraro e Alessandra, da Italy Travel Mood. Vi Veneza com olhos de quem sabe o que procura. Obrigada pela grande oportunidade.


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