RUMO AO DESERTO DO SAARA


Passar uma noite no Deserto do Saara era sonho antigo. Mas, onde? Que tipo de acampamento? Ofertas não faltam! Tem tendas de vários padrões, em diferentes locais do deserto. Foi difícil bater o martelo. Afinal, são mais de 60 opções de todos os tipos. Escolhi cuidadosamente o Merzouga Luxury Desert Camp, um acampamento de luxo “com banheiro” (detalhe importante) para meu “glamping” no deserto. Experiência incrível!

Merzouga Luxury Desert Camp.

Eu queria um lugar exclusivo, com acomodações confortáveis, bom serviço e poucas tendas. Minha maior dúvida era se ia para as dunas de M’Hamid, ao sul do Marrocos, perto do lago Iriki no luxuoso acampamento do hotel Dar Ahlam; se ficava pertinho de Marrakech (35 quilômetros) no deserto de pedra de Agafay no Sacarabeo Camp ou se ia para as dunas de Merzouga, mais ao leste, já no caminho para Fes – que era meu próximo destino. Optei pelas dunas de Merzouga ou Erg Chabi pela praticidade. Afinal, era meu caminho.

Mapa da região sul do Marrocos para você se localizar.

De carro, saí cedinho do oásis de Skoura, onde fiquei hospedada duas noites (poderia ter ficado bem mais!!!) no idílico Kasbah Dar Ahlam. Como mencionei acima, esse hotel oferece a possibilidade de uma experiência super exclusiva no deserto. Mas, eles tem poucas tendas e elas são muito concorridas. Se a reserva não for feita com muita antecedência você dificilmente conseguirá. Essa tenda é de padrão luxo, fica a cinco horas de carro do hotel e eles providenciam tudo, de transporte à alimentação. Essa era minha primeira opção, mas resta dizer que não consegui na data em que estaria no Marrocos. Fiquei com a opção número dois, Merzouga.

Deserto do Saara, dunas de Merzouga.

De Skoura até Merzouga são aproximadamente 400 quilômetros. Levamos 8 horas para chegar, de carro, pois o trajeto é lindo e paramos muitas vezes. A paisagem é cenográfica. Tudo grandioso e entrecortado por vilarejos simpáticos. Parte desse caminho é conhecido como “Rota dos 1000 Kasbahs”. Tem muitos povoados berberes tradicionais com casas fortificadas.

Rota dos 1000 Kasbahs.

A primeira parada foi no Vale das Rosas, na cidade de Kelaat M’Gouna, para um café e para dar uma olhada nas tradicionais lojinhas. A região é conhecida pela produção da água de rosas usada pelos marroquinos há mais de seis séculos na culinária, para fazer sabonetes, cremes e óleos essenciais. As rosas florescem em abril/maio e são colhidas em maio/junho. Na colheita, acontece o festival de celebração que dura três dias. Por ano são produzidas mais de 4 mil toneladas de rosas. Vale a pena conhecer. É a natureza brotando no deserto.

Vale das Rosas.

A viagem segue beirando palmeirais, vales e montanhas. O Vale das Tâmaras é de cair o queixo. Impressiona! E as tâmaras marroquinas são famosas. Ao longo da estrada, muitas barraquinhas vendem caixas e mais caixas de tâmaras. 

Vale das tâmaras e suas delícias.

É nessa região que estão os vales de Dades e Todra. Em Dades não cheguei a entrar pois o principal ponto de interesse era distante da estrada principal e pelas fotos não tive interesse. Achei a rota muito sinuosa e perigosa. Optei por ir até Todra por uma estrada de uns 15 quilômetros bem tranquila que passa pela simpática aldeia de Tinerhir e de repente uau!

Tinerhir e seus tons de verde.

O Cânion de Todra rouba a respiração. Imensos paredões com mais de 200 metros de altura despencam abruptamente e lá no fundo da "garganta", num corredor estreito de uns 30 metros, os berberes cuidam dos seus rebanhos de mulas, ovelhas e cabras. 


Todra Gorges.

Conforme você vai andando a fenda vai se estreitando e você se vê ladeado por aqueles desfiladeiros imensos que mudam de cor conforme o sol incide. Alguns corajosos escalam e fazem rapel. Eu preferi sentar numa pedra e contemplar demoradamente a obra da mãe natureza.

Cânion de Todra.

Um antigo Kasbah incrustado nas rochas serve para abrigar quem quiser passar a noite por ali ou mesmo fazer uma parada para refeição ou café, é o Kasbah Les Roches. Mas, ele não é a única opção de hospedagem, pertinho há várias outras. Aliás, encontrar onde dormir não é problema no Marrocos. Tem sempre um hotel por perto.

Kasbah Les Roches, no Desfiladeiro de Todra.

A partir desse ponto rodamos mais 70 quilômetros por uma estrada muito solitária onde cruzamos somente com pastores berberes alimentando suas cabras nos arbustos de Argania Spinosa nascidos no deserto. Sabe que planta é essa? É a que produz o famoso óleo de argan, considerado o ouro líquido do Marrocos. O processo de produção é totalmente artesanal. Tudo começa com as cabras. Como a planta é muito espinhosa, colher seus frutos é difícil. Mas, as cabras sobem com facilidade nos galhos para comer. A noz é muito dura, elas não conseguem comer toda e jogam parte no chão. Esses frutos são recolhidos do chão, as sementes são postas para secar, torradas e depois amassadas num pilão especialmente feito para a extração do óleo. O óleo pode ser usado para hidratar os cabelos, a pele ou para cozinhar. Adoro essas curiosidades tão peculiares de cada cultura.

Cabras comendo os frutos do arbusto de argan.


O pastoreio é uma constante pois o solo é árido e encontrar alimento é um desafio.

Finalmente chegamos aos vilarejos de Rissani onde ficam os povoados mais próximos das dunas de Merzouga, as maiores do Marrocos.

Rissani.

Combinamos um ponto de encontro com o rapaz do Merzouga Luxury Desert Camp. Deixamos nosso carro estacionado ali e fomos num 4x4 em direção ao sonho. A sensação de entrar na vastidão do deserto é assustadora. Um mar de areia que vai mudando de cor conforme a hora do dia, da suavidade do dourado à efervescência do laranja, num espetáculo inesquecível. E foi assim que chegamos no nosso acampamento nômade instalado confortavelmente numa depressão do Saara entre dunas e tapetes coloridos.

Merzouga Luxury Desert Camp.

Também poderíamos ter ido de dromedário em 15 minutos, mas o sol estava começando a se pôr e queríamos chegar logo no alto da duna para a despedida do astro rei. Antes mesmo de entrar na tenda subimos as dunas para curtir aquele momento.

Nossos dromedários esperavam tranquilamente.

A magia do pôr do sol no Saara.
Agradeço a loja Animale pela parceria nessa viagem ao Marrocos. 

Ao descer a duna, uma fogueira acesa anunciava que o frio estava prestes a bater. Não deu outra. Subitamente, no mês de novembro (que é considerado entrada do inverno no Marrocos) a temperatura despencou de 30 para 6 graus. Dica importante: o Deserto do Saara é um dos mais quente do mundo. No verão a temperatura pode chegar a 50 graus. Portanto, programe sua viagem para os meses mais frescos, entre novembro e março, mas saiba antecipadamente que haverá mudança brusca de temperatura. Esteja preparado para encarar o frio noturno.

Faz muito frio no deserto. Acredite!

Passar a noite sob as estrelas, nesse cantinho misterioso do Marrocos coberto de areia é uma super aventura. O acampamento conta apenas com seis tendas, sendo cinco delas para os hóspedes e uma é usada para as refeições, já que a temperatura cai abruptamente no final do dia.

Glamping no Deserto do Saara.

O jantar foi servido pelos berberes com os clássicos da cozinha marroquina: tangine de frango, cuscuz com legumes, tâmaras e chá de hortelã.

Jantar sensacional servido com a simpatia berbere.

Na hora de dormir o frio estava castigando. Só dentro da tenda para ficar abrigado com conforto. E que conforto! Chão coberto por esteiras e tapetes, cama king size, edredons de pena e até bolsa de água quente para aquecer os pezinhos ao deitar. Quer saber o luxo maior? As tendas têm até banheiro com chuveiro. Demais!

Interior da tenda no Saara.

Dormi feito um anjo até ser despertada para o nascer do sol, às cinco horas da madrugada. Novo espetáculo para abençoar o dia, seguido de uma bela caminhada pelas dunas (cansa, viu?), passeio de camelo e café da manhã marroquino. Que delícia! Mais uma vez o adorado chá de hortelã, ovos marroquinos e panquecas feitas na hora. Uma experiência memorável!

O amanhecer mágico do Saara.

E o café da manhã marroquino.

Se for ao Marrocos não deixe de esticar até o Deserto do Saara para ter a experiência de glamping. De Marrakech até Merzozuga a distância é longa, são 600 quilômetros, mas a estrada é cheia de encantos. Se preferir agilidade saiba que o aeroporto de Errachidia é o mais próximo e fica a 130 quilômetros de Merzouga. Só não deixe de ir!

As estradas do Marrocos são cenográficas. 

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COMENTÁRIOS

  1. Olá.
    Estive no Todra (lindo!), no "mar" de tamareiras (infelizmente não era época e não havia essas caixas pra vender) e "acampei" nas mesmas tendas que você.
    A diferença é que no dia que lá estive (abril)fez muito, mas MUITO calor à noite! As tendas são luxuosas, mas sofri com a falta de um ventilador! rsrrs.
    Ah! E a ida de camelo também é imperdível!
    Legal recordar.
    Abs
    Lia Campos (Correndo o Mundo)

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    Respostas
    1. Oi Lia,

      Cada época do ano tem suas peculiaridades. Escolhi novembro por ter temperaturas mais amenas. Foi perfeito. Amei o Marrocos!!!!

      Um beijo

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  2. achei muito interessante a sua publicaçao adoraria visitar um deserto parasse ser bem legal parabens pela sua publicaçao e continue escrevendo

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  3. Cláudia, que viagem mágica não? Estou me programando para em breve conhecer esse lugar, me tira uma dúvida? Esse trajeto que vc fez de carro, foi com um carro alugado? alguma excursão? O glamping em Merzouga ofereceu essa "viagem até lá? transfer? Menina, me conta como fez? Agradeço!!! :)

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