CADÊ A CHINA QUE ESTAVA AQUI?


Assim que aterrissei em Xangai saí para dar uma caminhada perto do hotel e descomprimir das tantas horas de voo. Afinal, estamos falando de um destino que fica literalmente do outro lado do mundo. Enquanto eu esperava o sinal abrir para atravessar a rua, uma senhora muito simples se aproximou vendendo uns bonequinhos coloridos e pedindo auxílio financeiro. De imediato eu disse que não tinha dinheiro, pois realmente ainda não havia trocado RMBs. Prontamente a ambulante puxou um cordão que trazia pendurado ao pescoço e apontou para o “seu” QR Code do WeChat. Como assim?

Bastava escanear o código e transferir imediatamente o valor desejado para ajudar aquela simpática criatura de olhos puxados, cabelos brancos e baixa estatura. O queixo caiu. Afinal, a China criou o dinheiro de papel como usamos hoje e provavelmente também será a responsável por eliminar o papel de circulação.

Transações financeiras ágeis com celular através do AliPay (uma carteira virtual do grupo Alibaba) e WeChat Pay (superaplicativo chinês criado pela Tencent), Fintechs competindo com as instituições financeiras tradicionais e o uso de tecnologias que ainda nem sonhamos no Brasil (e em grande parte do mundo) mostram que esse país gigante caminha a passos largos rumo ao futuro.

WeChat Pay usado largamente na China.

A pergunta que não quer calar a cada retorno é: “Cadê a China que estava aqui?” Nesses últimos quinze anos, estive sete vezes na China e vi mudanças acontecendo na velocidade da luz. A cada retorno levo um susto! Mais tecnologia, mais desenvolvimento, mais sustentabilidade, mais flores, mais inclusão digital nos moldes chineses, menos poluição, menos pobreza. 

A China deu um salto da era industrial para a era tecnológica, está se preocupando com o meio ambiente sim e tirou 750 milhões de pessoas da linha da pobreza. Impressionante!

Espetinhos de escorpião do Mercado Noturno de Pequim que hoje não existe mais. 
Foto de 2013.

ATRAVESSANDO A MURALHA DIGITAL

E por falar em WeChat... Fiquei perplexa com a sofisticação e ao mesmo tempo com a facilidade de comunicação através desse aplicativo de mensagens, que na verdade é um serviço multiplataforma. Ele corresponde “até certo ponto” ao WhatsApp (que não é liberado na China), porém com muitas outras funcionalidades. Faz inclusive transferência de dinheiro, como o da ambulante que acabei de citar. É um app faz-tudo. Também dá para pedir comida, enviar currículo, fazer compras, além de conectar pessoas. Baixei o aplicativo ainda no Brasil para conseguir falar com a galera local mas fui bloqueada na mesma hora. Ao chegar em Xangai precisei que um chinês liberasse meu acesso. E cada pessoa tem um número bem limitado de amigos estrangeiros para convidar por ano.

O WeChat nasceu em 2011 e já é usado por mais de um bilhão de pessoas. Os números assustam na China, afinal ele é o país mais populoso do mundo, com 1.4 bilhão de habitantes, competindo com números semelhantes aos da Índia em termos populacionais.

É fácil perceber que ainda há uma muralha de comunicação com o mundo. A censura chinesa é sensível quanto ao conteúdo que circula no país. Há filtros para impor regras às empresas norte-americanas que costumam ditar o rumo da internet no mundo. 

O acesso da população chinesa a rede é restrito. Google, Facebook, Twitter, YouTube, Instagram, Whatsapp e vários outros serviços globalizados são bloqueados na China.  Isso fez com que outras possibilidades nascessem para cobrir essa lacuna. E eles não ficaram para trás. Bem pelo contrário. Criaram o WeChat, Youku, Kwai, TikTok, Baidu, AliExpress, DiDi... Desenvolveram um ecossistema online próprio. E quer saber da verdade? Uma geração de chineses se criou sem sentir falta do Google. Afinal, eles são autossuficientes.

Mas aqui vai a #dica: se você quiser ter acesso a essas plataformas ocidentais bloqueadas na China baixe uma VPN - Virtual Private Network - antes de chegar ao país. Usei a Betternet e funcionou super bem. Outra opção é a Express VPN. Pela primeira vez consegui abrir o www.viajarpelomundo.com na China. Sinal de mudança!


Betternet Premium, a VPN que usei e indico.

Já, o Google Maps não abre com nem VPN nem com banda de música. Use o Apple Maps ou Baidu para se locomover e lembre-se de levar sempre um cartão do hotel com o nome escrito tanto em inglês como em mandarim. Você vai precisar! Mapa de papel também pode ajudar nas suas “caminhadas”, uma vez que aluguel de carro é possível apenas para estrangeiros que tenham uma habilitação chinesa. Ou seja, quase impossível!

Uber também não rola. Eles criaram o DiDi (que inclusive já comprou o 99). Cadastre seu cartão internacional e boa sorte. Não consegui chamar motorista com ele. Por alguma incompatibilidade com o cartão de crédito, eles não aceitavam. Taxi também é boa opção! Solicite no próprio hotel. Na rua é bem complicado, a comunicação é difícil e eles não fazem nenhum esforço para levar estrangeiros.

Use o DiDi para chamar um carro de aplicativo na China ou chame um taxi.

Quanto ao uso do telefone celular compre um pacote de dados internacionais ainda antes de sair do Brasil e essa será a melhor opção. O que tenho, da Claro, custa 29,90 por mês para usar no mundo todo e vale super a pena. Mesmo que os hotéis tenham internet 5G poderosa na China, muitas vezes não são compatíveis com nossos telefones e nossa internet. Não dê mole, contrate um serviço de dados ou você ficará incomunicável. Eu até comprei um chip local para testar. Sem sucesso! Ficou lento no meu celular. Pensando sem parar...

Depois de ultrapassar a barreira digital imposta por esse país de tremendo potencial econômico vale entender que essas inovações, em breve terão impacto na nossa vida.  Elas já estão chegando do lado de cá do planeta e vem ganhando muitos adeptos, uma vez que os chineses estão notoriamente à frente do nosso momento.

Imagine ir a um restaurante totalmente digitalizado. No cardápio cada prato tem seu QR Code para que seja feito o pedido e o pagamento. Ou quem sabe fazer compras num mercado ou feira livre tendo a facilidade de pagar com um aplicativo de celular. É por aí que caminham as mudanças digitais.

BEM-VINDO AO FUTURO

Uma vez atravessada a muralha digital é a vez de mergulhar na cultura milenar da China. Nesse viagem, a convite da 798 Ventures e em parceria com o governo chinês, entrei no país pela futurista Xangai, depois voei até a rural Chengdu e revi a imperial Pequim. Três cidades de perfis bem diferentes que constroem um belo recorte da China.

Vamos nessa?

Da esquerda para a direita o timaço convidado pela 798 Ventures para uma imersão na China tecnológica: Marcus Vinicius Freire (Play 9), Otávio Miranda (798 Ventures), Rita Lobo (Panelinha), Claudia Liechavicius (Viajar pelo Mundo!), Gabriel Chalita (escritor/filósofo), Kond (Kondzilla), Isabela Martins (Hertz/Localiza), Lucas Marques (Melius), Leo Caldas (videomaker Kondzilla), Edu Cavalieri (798 Ventures). Não estão na foto Camila Coutinho (Garotas Estúpidas), Erick Coser (798 Ventures).  Ronaldo Lemos (Expresso Futuro/Globonews).

XANGAI, O FUTURO MORA AQUI

A noite caía quando cheguei a Xangai - a maior cidade da China e principal centro financeiro - depois de uma viagem de 22 horas. É longe! Apesar do cansaço, as ruas limpíssimas e floridas, as luzes festivas de Pudong refletidas nas águas do rio, o vai e vem dos pedestres pelo calçadão do The Bund, os tantos prédios de design arrojado e a segurança (que não deveria causar estranheza) me chamaram para uma caminhada. Como resistir aos encantos da cosmopolita e futurística Xangai?


Região de Pudong, em Xangai.

Passei pelo Templo do Buda de Jade e parei por alguns instantes tomada pela paz de espírito desse local sagrado tão antigo e tão bem preservado. O budismo é uma das principais religiões chinesas. Pena que não consegui entrar. Era tarde da noite, o templo estava fechado. Mesmo assim o contorno do complexo religioso contrastando com grandes prédios modernos ao redor, me fez sorrir e agradecer por estar ali.

O cuidado com a preservação do passado é uma constante. O Templo do Buda passou por uma renovação recente assim como o Templo Longhua e o jardim chinês Yu Garden, que não consegui rever por estar fechado para obras. Xangai só fez me surpreender com seu desenvolvimento, com o contraste harmonioso entre o novo e o velho, com o planejamento meticuloso de cada detalhe. Temos muito a aprender com eles. É espantoso como a cidade está linda e desenvolvida.

Quando a fome bateu, fui parar no delicioso Din Tai Fung, que serve os tradicionais dumplings chineses. Essa cadeia de restaurantes tem casas espalhadas por vários países do mundo, os preços são corretos, mesmo tendo uma estrela Michelin. Matei a vontade de devorar aqueles “dim sums”, legumes e verduras deliciosos. Bons restaurantes não faltam na cidade.

Dumplings do restaurante Din Tai Fung.

Vale lembrar que Xangai surgiu como um simples vilarejo de pescadores na Dinastia Sung (960 – 1279) banhada pelo Mar da China Oriental e pelo rio Huangpu. Para os padrões milenares desse povo, é uma  cidade jovem. Mas, foi durante na Dinastia Ching (1736 – 1796) que se tornou um porto regional e decolou. No entanto, após ser derrotada nas duas Guerras do Ópio, a China teve que abrir seus portos ao comércio exterior e fazer concessões territoriais à Inglaterra, França e outros países. Eis que a cidade portuária  floresceu como importante posto comercial entre ocidente e oriente, e se tornou um pólo financeiro na década de 30. Com a chegada do comunismo em 1949, a influência internacional declinou. Foi depois dos anos 90, que essa metrópole chinesa, cosmopolita e ocidentalizada retomou seu crescimento e teve o ímpeto de se reinventar com tremenda velocidade. Recentemente, a Bolsa de Xangai lançou um novo índice de valores que equivale ao americano Nasdaq para competir com os Estados Unidos. O Star Market tem o objetivo de facilitar a entrada de novas empresas no mercado de ações.

Hoje, Xangai é um pólo financeiro e um belo destino turístico, com marcos históricos espalhados ao longo do rio Huangpu. Na margem oeste está a região The Bund, repleta de prédios em estilo francês. É a parte mais movimentada de Xangai, com modernos shoppings, lojas de grifes internacionais, bons restaurantes e um calçadão perfeito para se curtir o sunset com aquele super skyline iluminado. Uma boa opção noturna é fazer um passeio de barco pelo rio para se deslumbrar com a iluminação dos prédios.

Passeio noturno de barco pelo rio Huangpu.

Do outro lado do rio está Pudong, uma antiga área rural que foi transformada em centro financeiro há poucos anos e vem se desenvolvendo a passos largos graças ao programa SHFTZ - Shanghai Pilot Free Trade Zone  - uma zona de livre comércio criada em 2013, que só faz crescer. Um espanto! Tive o privilégio de visitar o City Management Center of Pudong New Area e fiquei impressionada com a dimensão dos novos projetos de desenvolvimento. A China está dando aula pro mundo.

Pudong é uma região tranquila, bastante comercial e pode ser acessada por um túnel que passa debaixo do rio, de barco ou pela ponte Nanpu. Ali fica a icônica torre de TV Pearl Tower. Vale subir no observatório com chão de vidro. Outros prédios que rasgam o cenário são o arranha-céus Jinmao Tower com 420 metros e o Shanghai World Financial Center com 492 metros de altura o mais alto da cidade e um dos mais altos do mundo. Para um dia de alegria e para quem estiver com crianças vale visitar a nova Shanghai Disney. Outros grandes feitos da engenharia são a Ponte Nanpu, primeira ponte a atravessar o rio Huangpu e a estação do trem-bala que conecta Xangai a Pequim (1.200km) em apenas 4 horas e meia; e Xangai a Nanjing (300 Km) em menos de uma hora. O trem chega a 350 km/h. Surreal. Mas, o mais impressionante é que já há testes com trens que vão de 450 a 600 km/hora, praticamente a velocidade de um avião.

Pearl Tower com seu chão envidraçado.
Ps: crédito Kond/Kondzilla. :)

Para saber mais sobre o solo em que você está pisando é preciso visitar o Shanghai Urban Planning Centre. Esse museu fica na Praça do Povo, ao lado do prédio da prefeitura e tem uma maquete que mostra a cidade num futuro próximo. A maquete é inacreditável de tão bem feita, aliás como todas as que vi na China. Tem 600 metros quadrados e fica sobre uma plataforma elevada. Dá para visualizar a cidade toda, detalhes dos bairros, pontos turísticos e ver como o rio Huangpu divide Xangai em duas metades. Metades absolutamente complementares e integradas.

Maquete de Xangai no Shanghai Urban Planning Centre.

Também vale fazer uma incursão antropológica pelos seis quilômetros da rua de pedestres Nanjing Lu, a partir da Praça do Povo. Ali ainda há alguns traços antigos da China seja nos letreiros enormes com ideogramas em mandarim ou nas lojinhas tradicionais de produtos chineses.

Rua de pedestres Nanjing, em Xangai.

Uma visita interessante que fiz foi ao Shanghai Media Group SMG, uma instituição governamental  que congrega 15 canais de TV aberta, 15 canais por assinatura, 13 rádios, 6 jornais e revistas. Uma gigante com um super portfólio de mídia e negócios relacionados.

Shanghai Media Group.

Quer saber o que não muda com facilidade? O empurra-empurra nos locais fechados como metro, a dificuldade de fazer fila e o respeito pelo espaço corporal do outro. Esses hábitos culturais são muito fortes e diretamente relacionados a quantidade absurda de pessoas que disputam o espaço pelas ruas chinesas. É preciso entender isso para saber que uma cotovelada na rua, um pisão no pé ou alguém passando à sua frente não são comportamentos agressivos, mas dogmas culturais. Sorria, siga o fluxo e entenda que os mais velhos têm prioridade sempre!

A limpeza e a organização de Xangai me encantaram.

CHENGDU, A TERRA DOS PANDAS GIGANTES

Confesso que Chengdu ainda não tinha atraído minha curiosidade até Ronaldo Lemos concorrer ao prêmio Golden Panda Awards com o documentário Expresso Futuro apresentado no programa Fantástico, da Rede Globo. Essa premiação tão importante da Ásia, acontece exatamente na cidade de Chengdu, no centro-sul da China. E foi por isso que a capital da província de Sichuan entrou na minha rota.

Mapa da China sinalizando as três cidades visitadas. Fonte: Google Maps.

De Xangai a Chengdu foram 3 horas de voo para cobrir os 1.950 quilômetros de distância. A China é imensa, terceiro maior país do mundo em extensão territorial. E como não podia deixar de ser, Chengdu tem 14 milhões de habitantes, aproximadamente o mesmo que São Paulo, a metrópole brasileira mais populosa. Ela não tem o estilo cosmopolita de Xangai nem a pompa de Pequim, mas reflete bem a China de hoje. Entrou, em 1999, em um programa do governo que visa alavancar o desenvolvimento das cidades do interior e se beneficiou muito, tanto na área rural como na zona urbana.

Boquiabertos com o projeto de revitalização de Chengdu.

Impressiona olhar pela janela do hotel e ver amplas avenidas, grandes blocos residenciais e áreas comerciais que parecem ter saído do forno recentemente. É tudo novo, limpo, moderno, próspero. Prédios de design incrível, centros comerciais imensos com grifes internacionais, bons restaurantes. Uma bela injeção de yuans.

Nasce uma nova Chengdu.

O que ainda há de construções nos moldes antigos, que não favorece a qualidade de vida, está com os dias contados. É comum passar por quarteirões inteiros marcados para serem demolidos ou que já foram postos abaixo para dar lugar ao novo. Isso sem falar nos bairros que estão nascendo do zero, como Tianfu, ao sul da cidade, cujo nome significa “terra de abundância”. Essa nova área, juntamente com outros locais da cidade, constituem zonas chave para o desenvolvimento de Chengdu, com construções inovadoras e sustentáveis, meios de transporte com baixo impacto ambiental e projetos de alta tecnologia. Isso tudo numa velocidade surpreendente e cercado por muitas áreas verdes.

A primeira linha de metro de Chengdu entrou em circulação em 2010. Hoje já são 6 linhas que cobrem uma malha de 200 quilômetros. No final do ano passado, uma rota de 27 quilômetros feita em trem magnético suspenso foi inaugurada. O trenzinho é uma graça, tem a carinha de um panda e usa uma nova forma de energia com baterias de lítio-íon que prometem menos dano ao ambiente. Os ganhos de Chengdu tem sido fabulosos e a cidade já vem sendo considerada uma das mais interessantes da China depois de Pequim e Xangai. Virou um grande centro de negócios e atrai investidores do mundo todo. É um destino imperdível para quem quer explorar o coração da China e ir além do óbvio.

Trem suspenso, Chengdu.

Chengdu é uma cidade plana e cercada por montanhas. Para mergulhar na tradição chinesa vale visitar os bairros JinLi e Kuanshai Xiangzi, com ruelas históricas do século XVI que foram restaurados e mantém os ares de antigamente com lanternas vermelhas, templos e aquela arquitetura chinesa que habita o nosso imaginário.

Para experimentar a tradicional cozinha apimentada de Sichuan indico o restaurante Chengdu. Elegante, com excelente cozinha e ótimo serviço. Experimente a sopa de tofu caseiro e o hot pot de caranguejo.

Testando a cozinha apimentada de Chengdu com Rita Lobo e Gabriel Chalita.

Afaste-se da zona urbana e você vai se encantar com a vida rural nos arredores da cidade. Um vilarejo interessante é o Zhanqi. Ele foi revitalizado e se tornou um simpático ponto turístico com lojinhas e restaurantes especializados na culinária picante de Sichuan, uma das mais famosas da China. Adorei conhecer e circular pelos tanques onde a pimenta é preparada.

Vilarejo de Zhanqi.

Pimenta de Sichuan.

Perto dali, a dica de um bom restaurante em Chongzhou, na Daoming Town, é o Dao Mingzhu Li. Um dos melhores da viagem. Aliás, a comida de Sichuan é realmente maravilhosa. Mesmo para quem não gosta muito de pimenta, como eu, a cozinha é imbatível. Aqui vai o telefone para reservas pois é escondido e concorrido: +173 58578775 / +181 23390653.

Um banquete em Chengdu. Cozinha aprovadíssima!

Nessa região também há grandes áreas de cultivo de verduras e legumes tanto hidropônico como no solo e ateliers que produzem artesanato em bambu e cerâmica.


Artesanato em Bambu. 

Mas, o motivo número um de uma escala em Chengdu geralmente está atrelada a uma visita aos pandas gigantes na Chengdu Research Base of Giant Panda Breeding. Essa reserva ajuda na criação, reabilitação e reprodução dos pandas gigantes, uma vez que eles são o símbolo da China e estão em extinção, pois têm preguiça de namorar. Os pandas gigantes representam a gentileza, a força e a sabedoria. Eles são dóceis, tímidos e dorminhocos. Quando estão acordados devoram bambu sem parar. Crescem até 90 centímetros e pesam de 70 a 160 quilos. São muito carismáticos. Você sabia que se alguém matar um panda poderá ter pena de prisão perpétua? O assunto é sério na China.


Research Base of Giant Panda Breeding.

Hotéis legais em Chengdu não faltam: 

The Ritz-Carlton Chengdu
Shangri-La Chengdu
Kempinski Chengdu
Grand Hyatt Chengdu
St Regis Chengdu
Niccolo
The Temple House

Se quiser uma experiência nas montanhas considere o Six Senses Qing Cheng Mountain. 
Um arraso!

DE VOLTA A PEQUIM

Cidades poluídas e sem programas de sustentabilidade? Ficaram no passado da China. Lembra daquela Pequim com uma camada preta no ar, tipo São Paulo. Não existe mais. Impressionante! A missão agora é construir um país sustentável. E eles não brincam em serviço. Missão dada é missão cumprida. Política de incentivo ao uso de carros elétricos, eliminando a poluição e reduzindo o ruído ambiental.


Pequim.

A cada vez que retorno, as mudanças são visíveis e significativas, especialmente depois dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008. Onde foram parar os hutongs? Muitos já foram abaixo, alguns estão com os dias contados e outros viraram hotéis ou restaurantes trendy como o TRB Hutong que acabou de ser eleito como o número 1 do mundo pela TripAdvisor. E, merece uma reserva. É maravilhoso!

Aquele famoso Mercado Noturno da rua Wanfujing com os tais espetinhos de escorpião e outras iguarias estranhas... se foi. Página virada! Muita coisa mudou. As ruas estão limpas e floridas. As pessoas já não andam mais de pijama na rua, escarram bem menos, há vasos sanitários ocidentais nos locais públicos, as crianças já usam fraldas, os mercadões de produtos falsificados estão mudando de perfil para se enquadrar nos padrões globais. A China está caminhando da falsificação para a inovação. E os preços que antigamente eram módicos estão subindo junto.


Lojas chinesas cheias de bossa mudam o cenário.

Pequim agora figura como meca do turismo chinês. Tem atrativos de sobra: Cidade Proibida, Templo do Céu, Palácio de Verão, Grande Muralha, Templo do Lama, Ópera de Pequim, a destreza dos contorcionistas, a habilidade dos massagistas. Isso sem falar nas empresas como Alibaba, Youku, Tik Tok, Kawai, sediadas em Pequim, que apontam os holofotes para o futuro e as quais tive a oportunidade de conhecer. 

Isso mostra como a vida é cíclica. Se nos séculos XI e XII os chineses foram um dos povos mais evoluídos do planeta. Eles agora sobem novamente ao topo da onda surfando na era tecnológica, com uma economia para ninguém botar defeito. A capital chinesa é uma potência emergente que se reinventa e surpreende o mundo numa velocidade alucinante.

Equipe do grupo Alibaba comandada pela diretora Yang (ao centro) e as gerentes de relações internacionais Cai Xinhuan e Sia recebendo nosso grupo.

Mas Pequim também é uma aula de história a céu aberto. Você sabia que há 100 anos quem entrasse no recluso universo de palácios vermelhos e dourados da Cidade Proibida era assassinado. Agora A Cidade Proibida é classificada como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, foi totalmente restaurada e é a atração mais visitada da China. Prova disso, é a multidão que caminha em romaria pelas rampas e labirintos do complexo atônica com a beleza do lugar que abrigou 24 imperadores das dinastias Ming e Qing. A Cidade Proibida tem 8.700 cômodos que abrigavam os imperadores com suas famílias e a corte.

Cidade Proibida, Pequim.

Um dos portões de entrada da Cidade Proibida faz frente para a Praça Celestial da Paz (Tian’anmen Square), maior praça pública do mundo, palco de cenas violentas. Talvez você lembre, em 1989 quando tanques chineses avançaram contra estudantes que reivindicavam pela democracia. O evento virou manchete e escandalizou o mundo. A praça é, para os chineses, o símbolo da vitória do Comunismo de Mao e ainda guarda embalsamado o corpo do ditador.

Durante o verão, a corte imperial chinesa buscava a brisa nos lagos, jardins e templos do Palácio de Verão, desde o século XII. É outro lugar imperdível em Pequim. Tem um barco talhado em mármore à beira do lago Kunming, uma ponte belíssima e mais de 3 mil cômodos. O super exclusivo hotel Aman Summer Palace ocupa exatamente uma parte belíssima do Palácio de Verão.

E por falar em hotel... meu querido número um, muito bem localizado a uns passos da rua Wangfujing é o The Peninsula Beijing, ao lado dele ficam os excelentes Legendale e o Regent. Para um bom custo-benefício dê uma olhada no Renaissance Wangfujing. Se quiser uma experiência digna de nota passe dois ou três dias no Aman Summer Palace. Sugiro dividir a hospedagem entre o The Peninsula para circular pelo centro de Pequim e depois dois dias no Aman do Palácio de Verão que fica na periferia da cidade, a 40 minutos do centro e é um escândalo!!!


Aman Summer Palace. Foto divulgação.

Não perca a chance de visitar a Muralha da China. Ela começou a ser construída entre os séculos V e III a.C. para proteger as tribos nômades do norte da China. Nas dinastias Qin e Ming elas foram ampliadas, o que não resolveu muito, pois essa última dinastia teve fim exatamente quando os Manchus atravessaram a muralha. O que importa é que a muralha tem mais de sete mil quilômetros de extensão e serpenteia por montanhas, desertos e campos. Há vários trechos próximos de Pequim que podem ser visitados: Badaling, Simatai, Juyongguan e Mutianyu que foi o que visitei dessa vez com subida de teleférico e descida de carrinho num tobogã.


Muralha da China, Mutianyu.

Mirando mais uma vez no futuro a China se prepara para sediar os Jogos Olímpicos de Inverno Beijing 2022. O Ninho de Pássaro e o Cubo d’Água - famosos palcos de medalhas de 2008 - serão adaptados para as competições de inverno. Além disso, as regiões montanhosas de Yanqig (90 km de Pequim) e Zhangjiakou (190 km de Pequim) receberão um trem-bala que vai abreviar drasticamente as distâncias. Assim caminha a China!

ENFIM...

A China industrial dá passagem para a era tecnológica, a conexão com o mundo mesmo que controlada já é possível e bem-vista, as grandes cidades poluídas assumem programas eficientes de sustentabilidade, as bicicletas vão sumindo das ruas barulhentas e dando lugar a frotas de carros elétricos, o caos do trânsito acalmou, a qualidade de vida na área rural ganha contornos surpreendentes, a pobreza vai ficando no passado, os trens bala conectam o país em tempo recorde, os “hutongs”, favelas chinesas, dão lugar a prédios de design arrojado, os falsificados começam a desaparecer do mapa dando luz a bons produtos genuinamente chineses, alguns hábitos culturais estranhos aos olhos ocidentais começam a desaparecer. O que ainda está longe de mudar é o avanço do espaço corporal e a possibilidade de fazer fila. Afinal, num país com tanta gente vale invadir o metro quadrado alheio para conseguir chegar, além disso, os mais velhos têm prioridade sempre e são respeitados. Temos muito a aprender com a China.


Com esse time alto astral cheio de boas energias, Ronaldo Lemos no centro da foto, levou o Panda de Ouro com Expresso Futuro.

MOEDA

Leve dólares e troque no hotel pela moeda chinesa RMB cuja unidade básica é o Yuan. A taxa de conversão em novembro/2019:1 real = 1,70 yuan.

É possível sacar RMB em caixas ATM.

APLICATIVOS DE TRADUÇÃO

A comunicação pode ser uma grande barreira na China. Utilize o Google Translate e o Pleco. Ambos podem ser acessados sem internet. Faça o download do pacote com o mandarim. Adicione o teclado chinês Pinyin, caso precise escrever ou melhor, pedir para alguém escrever alguma coisa para traduzir.

GORJETA

Não é uma prática comum na China.

FUSO HORÁRIO

+ 11 horas a frente do Brasil

PARA SE LOCALIZAR NA CIDADE

Use o Apple Maps no IPhone. Se seu telefone for Android baixe o Gaode Ditu também conhecido como Amaps.

VISTO PARA BRASILEIROS

Em breve, os brasileiros serão isentos de visto para entrar na China. Será necessário apenas passaporte com validade de pelo menos seis meses. Mas, por enquanto o visto ainda é necessário.

COMO CHEGAR

Voar de Emirates por Dubai é um dos modos mais fáceis de chegar a China. Também é possível voar fazendo escala em algum país da Europa ou pela África.

QUANDO IR

Melhores meses para visitar a China são abril, maio, setembro e outubro.

Cores do outono, mês de outubro na Muralha da China.


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COMENTÁRIOS

  1. Oi Claudia!

    Quanta mudança hein? Realmente a China está nos surpreendendo dia após dia.

    Você gostou do viu ou acha que o país está se ocidentalizando demais e descaracterizando a cultura?

    Abs

    Juma

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Temos muito a aprender com a China. Que salto de desenvolvimento em 10 anos. Impressionante!

      Excluir
  2. Nossa! Como mudou... Tudo na China é um charme. Quem sabe uma visita nos próximos anos?

    ResponderExcluir

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