DESCOBRINDO CHICAGO

Impossível não se apaixonar pelo astral cosmopolita-artsy-cult dessa grande dama que nasceu literalmente das cinzas e não se deixou abater. Chicago é vibrante! E uma prova concreta do renascimento dessa Fênix foi ter sido eleita - oito vezes consecutivas - pela Condé Nast Traveler, como a Melhor Grande Cidade dos Estados Unidos.


Chicago, com a Trump Tower ao fundo.

Explico melhor. Sua pedra fundamental foi cravada em 1833, com uma população de aproximadamente 200 habitantes quando o Fort Dearborn - região onde hoje está a Trump Tower - foi elevada à categoria de vila e passou a se chamar Chicago. O pequeno assentamento, debruçado sobre as curvas do lago Michigan e do rio Chicago, logo cresceu. Em 1870, a cidade já abrigava mais de 300 mil pessoas e ostentava a fama de ser a maior fornecedora de madeira da terra do Tio Sam. 


Mas os ventos nem sempre sopraram com gentileza, na “Cidade dos Ventos”. Em 1871, o Grande Incêndio lambeu boa parte da região central causando uma devastação. O motivo exato do fogo não se sabe. Diz a lenda que a vaca de leite da família O’Leary teria derrubado um lampião a querosene no estábulo dando início ao desastre. E a tal vaquinha está lá, eternizada em bronze, na esquina da rua Washington com avenida Michigan. O fato é que o clima seco, os ventos fortes e as tantas casas de madeira espalharam o caos. Mas Chicago foi lindamente reconstruída por grandes nomes da arquitetura, de Frank Lloyd Wright a Norman Foster, e plantou os primeiros gigantes de aço e concreto dos Estados Unidos para afirmar seu impulso vital.


Chicago é uma das cidades mais fotogênicas dos Estados Unidos.

Hoje, a história se confunde com a arquitetura. O belo emaranhado de arranha-céus faz os visitantes entortarem o pescoço, com a intenção de reverenciar os fascinantes espigões. Manter os olhos atentos é mandatório, pois o conjunto da obra é arrematado por esculturas de mestres, como Miró e Picasso, espalhadas aleatoriamente pelas ruas.


Skydeck Chicago.

Para se situar, comece pelo Skydeck Chicago, considerado um dos observatórios mais altos dos Estados Unidos, no topo do icônico prédio Willis Tower, com 108 andares. Sente-se no chão do cubo envidraçado e confira o desenho da cidade planejada em sistema de grade a partir do cruzamento da State Street (que divide a cidade em leste e oeste) e Madison Street (norte e sul). Mesmo que a cidade tenha 77 bairros e seja enorme, acredite, é muito fácil se orientar.


360 Chicago, o prédio mais alto, no centro da foto.

Outro observatório que merece uma visita é o 360 Chicago. Ele não é tão alto como o Skydeck, tem 100 andares, no entanto está praticamente debruçado sobre o Lago Michigan garantindo vistas espetaculares. Além disso, o desafiador Tilt Chicago, atrai os destemidos para uma plataforma de vidro que se inclina para frente por intermináveis 20 segundos, fazendo muita gente tremer.


Tilt Chicago.

Depois de encarar o Tilt Chicago, se as suas pernas deixarem, siga até o coração da cidade, onde o Millennium Park se exibe num misto de centro de arte, música, arquitetura e paisagismo. É ali que está a famosa escultura Cloud Gate, do artista britânico Anish Kapoor, apelidada de “The Bean”; a interativa Fonte da Coroa, de Jaume Plemsa; o Jardim Lurie, um tremendo oásis urbano; além do Pavilhão Jay Pritzker, projetado por Frank Gehry, o mais sofisticado espaço de concertos ao ar livre desse gênero nos Estados Unidos, onde tive o privilégio de assistir “O casamento do meu melhor amigo”, um filme estrelado por Julia Roberts e gravado na própria cidade. Um parque que é a cara do verão de Chicago e é gratuito.


Pavilhão Jay Pritzker, um dos destaques do Millennium Park.

No entanto, para entrar nas demais atrações, o modo mais econômico, sem fila e com reserva antecipada é o City Pass. Ele é um passe que possibilita a visita em 5 pontos de interesse pagando por um valor único. É uma opção muito prática e com excelente custo-benefício. Basta baixar o app e escolher entre o Skydeck Chicago, 360 Chicago, Shedd Aquarium, Fields Museum, Griffin Museum of Science and Industry, Art Institute of Chicago, Adler Planetarium e Shoreline Sightseeing Architecture River Cruise.


Ponto alto de Chicago: Shoreline Sightseeing Architecture River Cruise.

E por falar em arquitetura, recomendo muito o River Cruise First Lady, eleito como um dos melhores passeios de barco da América do Norte. O trajeto de 90 minutos pelos 3 braços do rio Chicago é uma aula viva de engenharia, design e história. Com curadoria cuidadosa da Architecture River Cruise, essa experiência revela os tantos ícones modernistas, brutalistas e arranha-céus futuristas como se fossem joias lapidadas ao longo das margens do rio e do lago. Ao embarcar, a sensação que se tem é de que o ritmo desacelera, o olhar se refina e a cidade se transforma em uma passarela de genialidade arquitetônica. Absolutamente imperdível.


Chicago vista durante o River Cruise First Lady.

Para ficar muito bem hospedado em Chicago, a área mais cobiçada é a Magnificent Mile. Essa é uma parte da Michigan Avenue que vai da praia do Lago Michigan (Oak Street Beach) até a ponte DuSable Bridge, a qual atravessa o rio Chicago. Por ali, hotéis de luxo se enfileiram, sendo o Península Chicago, um destaque. Ele trouxe o incomparável serviço asiático para essa cidade conhecida pela hospitalidade acolhedora. A combinação é perfeita. Tanto que vem recebendo a classificação Cinco Estrelas do Forbes Travel Guide, todos os anos, desde que inaugurou em 2001. Recentemente, foi nomeado “Melhor Hotel Urbano dos Estados Unidos”, no Worlds’ Best Awards da Travel + Leisure 2023 e o “2º Hotel do Mundo”, na lista dos 1.000 Melhores Hotéis do Mundo pela LA LISTE. Costumo dizer que uma hospedagem acolhedora é parte essencial da viagem. O simples fato de associar Chicago ao hotel Península aqueceu meu coração. Já fiquei hospedada nos hotéis Península Beijing, Tokyo, Hong Kong – sempre com experiências marcantes - e mais uma vez, esse charmoso asiático foi meu porto seguro.


Z Bar, o melhor rooftop de Chicago.

Desde o lobby, passando pelos quartos até a piscina no 19º andar, tudo é grandioso e ao mesmo tempo gracioso. Não perca por nada um drinque no Z Bar, o rooftop mais aclamado de Chicago, seguido por um jantar no Shanghai Terrace, comandado pelo Chef Elmo Han, que veio diretamente do Península Beijing para trazer o melhor da gastronomia chinesa.


Ambiente elegante e cozinha impecável no Shanghai Terrace.

Saiba que você caminhará muito por Chicago no verão. E, depois de um dia em movimento, uma pausa será bem-vinda. O The Península Spa & Wellness Center tem dois andares com piscina indoor aquecida, academia de cair o queixo e um spa que é um verdadeiro oásis de serenidade, com um cardápio de tratamentos incríveis. O corpo agradece.


The Península Spa & Wellness Center.

Já, do lado norte da cidade quem rouba a cena é Andersonville. Com raízes suecas, o charmoso bairro se espalha desde a movimentada Clark Street, a rua principal. Esse cantinho é conhecido pelo emaranhado de lojas e por abrigar uma das maiores populações LGBTQIAPN+ da cidade. O bairro nasceu logo depois do Grande Incêndio, e passou a abrigar as famílias mais abastadas. Guarda traços elegantes dessa época, mesclados com uma energia vibrante. Foi eleito o bairro mais cool do mundo em 2021, pela Time Out.


O charmoso bairro de Andersonville.

Destaque para o café-loja de livros-teatro The Understudy, para o restaurante de gastronomia taiwanesa Minyoli, do Chef Rich Wang, e para o bar histórico Simon’s Tavern, num prédio construído em 1907. Aliás, esses bares escondidos de Chicago, marcaram uma época. Os famosos speakeasies eram estabelecimentos ilegais, onde as pessoas se encontravam para beber longe dos olhos da polícia, durante o período da Lei Seca. Eles eram discretos e difíceis de achar, muitas vezes em porões, ou disfarçados atrás de lojas. Afinal, Chicago foi dominada por gangster. Al Capone é um nome conhecido e o Green Mill é uma casa lendária, um must no circuito de blues e jazz, exatamente por ter sido sua favorita. Também confira os shows de blues no Kingstone Mines.


Chicago é uma cidade cosmopolita. Adorei a gastronomia taiwanesa.

Estive em Chicago no verão, no mês de agosto, com temperaturas entre 20 e 28º C, céu azul, dias longos, astral vivo e tive uma experiência linda. É quando a agenda cultural entra em ebulição, com eventos como Pride Parade, Blues Festival, Jazz Festival e Lollapalooza (que fincou suas raízes por ali, em 2005).


Lollapalooza vibes.

Já, o inverno é bastante rigoroso (dezembro a fevereiro) com neve, ventos fortes e temperaturas abaixo de zero. No entanto, traz como encanto as feiras de Natal e as áreas de patinação no gelo, como a do Millennium Park. O clima começa a ficar mais ameno na primavera, no final de abril, início de maio. E culmina no verão. Volta a esfriar em setembro, com a chegada do outono, quando a cidade ganha cores alaranjadas lindas. Quando ir? Em qualquer época do ano. Só depende do cartão-postal que você quer ver.


A cena gastronômica de Chicago também é forte. Uma das melhores cidades dos Estados Unidos em termos de gastronomia. E vem chamando ainda mais atenção depois do lançamento da série “O Urso”, disponível na Disney+, que gira em torno de Carmy, interpretado por Jeremy Allen White. O personagem volta para Chicago, após uma carreira de sucesso em restaurantes renomados, para administrar um negócio familiar à beira da falência, após o suicídio do irmão, Mikey.


PARA COMER CHICAGO DE A a Z


Prove a deep dish pizza, uma pizza de massa grossa, feita com bastante manteiga, típica da cidade, na Lou Malnati’s Pizzeria ou Giordano’s.

Deep dish pizza, típica de Chicago.

O Z Bar, no hotel Península, é mandatório para um drinque no melhor rooftop da cidade seguido por um jantar de comida chinesa, no sofisticado Shanghai Terrace.


Numa esquina imponente da avenida Michigan está o Starbucks Reserve Roastery, o maior Starbucks do mundo, com cinco andares e uma infinidade de opções.


Um dos restaurantes mais aclamados do West Loop é o Girl and The Goat, comandado pela premiada chef Stephanie Izard, que entrega uma explosão de sabores em ambiente despretensiosamente sofisticado. 


Já o Amaru, do chef Rodolfo Cuadros, é um tesouro de influência latino-americana em Chicago, com toques modernos e apresentação requintada, desde o ceviche peruano às empanadas, tudo encanta.


Em Andersonville, o Minyoli, mostra o melting pot cultural em pratos fusion da cozinha taiwanesa.


Para provar boas carnes, a dica é o Swift & Sons, no West Loop, mais precisamente onde o “American Steak” nasceu.


Se quiser ter várias opções reunidas num mesmo espaço vá ao Time Out Market para uma celebração gastronômica com bela curadoria e atmosfera urbana descontraída.


E não para por aí. A cena cultural e esportiva também faz bonito. Assista a um musical no circuito de teatros de Chicago. Visite o impactante Museu de arte Contemporânea. Veja uma partida de baseball do Chicago Cubs, no Wrigley Field. Com sorte conseguirá presenciar o time de basquete Chicago Bulls dando show. Encerre os dias com a projeção Art on the Mart e, por fim, me conte se Chicago ganhou ou não ganhou seu coração.


Assistir uma partida de baseball do Chicago Cubs, no Wrigley Field é obrigatório.

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COMENTÁRIOS

  1. Matéria realmente deliciosa, me deu vontade de voltar a Chicago ❤️❤️❤️

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