CÓRSEGA, A ILHA DO IMPERADOR FRANCÊS


Já estava escurecendo quando o avião pousou em Ajaccio, a capital da Córsega do Sul, terra natal de Napoleão Bonaparte. Foi na manhã seguinte que constatei que o imperador não poderia ter nascido num lugar mais encantador. A ilha tem o poder de invadir os sentidos sem pedir licença. Uma mistura exótica de mar azul, altas montanha e cidadelas medievais perfumadas pelo cheiro silvestre das flores corsas, o maquis. Impossível não se apaixonar! 

Golfo de Valinco.

UMA BELA MISTURA

Pelas ruas da ilha francesa, o que mais se ouve, é a língua francesa com alguma sonoridade do italiano. Afinal, por duzentos anos, do século XI ao século XIII, a Córsega foi colônia da República de Pisa. E essa mistura de raízes é exatamente o que dá tamanha personalidade à quarta maior ilha do Mediterrâneo, que perde em extensão apenas para Sicília, Sardenha e Chipre.

DICA: A Sardenha fica a apenas 13 quilômetros da cidade de Bonifácio, no sul da ilha. Dá para chegar em menos de meia hora, de barco. Essa é a dica perfeita para quem quer esticar a viagem.

Bonifácio, a cidade mais próxima da Sardenha.

A história da ilha é super interessante. Depois de muitas disputas, de pertencer aos italianos, a Córsega foi vendida para a França, mais exatamente para Luis XV. No entanto, nesse meio tempo, os corsas já haviam vivido um período de independência e tinham gostado da experiência. Então, quando os franceses assumiram o comando, a população se sentiu traída. O ressentimento continua alimentando, até hoje. É fácil perceber no discurso dos corsas um forte sentimento nacionalista.

Corte, antiga capital da Córsega.

MAR E MONTANHA

O que realmente cativa na Córsega são suas belas paisagens e seu jeito selvagem, mas ao mesmo tempo tão organizado e cuidado. Tem picos montanhosos que chegam a alcanças 2.700 metros de altitude, lagos alpinos, florestas, cachoeiras e costões rochosos cercados por um mar que varia do azul turquesa ao azul profundo, cheio de praias inacreditáveis. No meio dessa exuberância toda os vilarejos mudam de cara conforme se vai para a costa ou para o interior e mantém um jeito tranquilo de viver. A arquitetura das cidades é preservada com capricho, nada de prédios enormes ou chamativos, tudo em tons neutros, sempre compondo a sintonia com a natureza com perfeição.

Os azuis da Córsega.

UMA PEQUENA GRANDE ILHA

A ilha tem 183 quilômetros de norte a sul, e 83 de leste a oeste. Parece pouco. No entanto, como as montanhas são altas e as estradas são muito sinuosas qualquer deslocamento se torna lento. Para andar 100 quilômetros você pode levar mais de 3 horas. Fique atento para programar seu roteiro.

Minha opção foi chegar pelo aeroporto de Ajaccio, um dos maiores da ilha, num voo da Air Corsica, a partir de Marseille (voo de uma hora) e alugar um carro. Ajaccio foi a cidade onde nasceu Napoleão Bonaparte, em 1769. No entanto, depois de ter sido coroado imperador francês ele nunca mais voltou à Córsega. Hoje, é uma cidade grande e agitada para os padrões da ilha.  

Visite a Catedral Notre-Dame de la Misericorde onde Napoleão foi batizado. A igreja fica pertinho da Maison Bonaparte, onde o imperador nasceu e passou parte da sua infância. Interessante que nessa mesma casa morou por um tempo o carcereiro de Napoleão, quando a família Bonaparte foi expulsa de Ajaccio pelos moradores da cidade em 1793.

Miramar, um pequeno hotel com o super selo Small Luxury Hotels. 

Escolhi o Miramar Boutique Hotel, com apenas 26 quartos, de frente para o Golfo de Valinco, que tem uma praia linda, para os três primeiros dias de hospedagem. O hotel é muito charmoso. Tem um terraço delicioso, de frente pro mar, onde é servido o café da manhã. O dia já começa com um super astral. Além disso, os funcionários são muito atenciosos. Fazem tudo para agradar. Pertinho do hotel fica a cidade de Propriano, com uma marina onde é possível alugar barco para conhecer a região. A cidadela tem bons restaurantes e algumas lojinhas. É muito bonitinha.

Charcuterie em Propriano.

Se tiver a intenção de conhecer a parte central da ilha, recomendo que vá até Corte. Ela foi a capital escolhida pelo líder da independência Pasquali Paoli, de 1755 a 1769. O curioso é que na praça central ainda há marcas de tiros pelas paredes dos prédios desde a época das batalhas pela independência. Corte fica a menos de 100 quilômetros de Propriano. O trajeto leva ao redor de 3 horas.

Olmedo, uma cidadela próxima de Propriano.

Abaixo de Propriano, pare em Filitosa para ver os guerreiros de pedra, com mais de 4 mil anos, considerados uma grande relíquia da ilha. 

Continue até Sartène, uma pequena cidade fortificada, com ruelas estreitas, calçamento de paralelepípedo e casas de granito construídas no século XVI.

Bonifácio.

A seguir vem a estrela maior da Córsega, a cidade de Bonifácio. Ela fica no extremo sul da ilha pendurada sobre penhascos de pedra. A vida, por ali, acontece ao redor do porto, de onde partem barcos para a Sardenha. Por uma escada, chega-se do porto a Cidade Velha que foi construída pelos genoveses no século XII. Não deixe de fazer um passeio de barco de uma hora para ver as calanques , grutas e falésias. 

Bonifácio.

Indo de Bonifácio em direção a Bastia você vai encontrar a cidade fortificada de Porto Vecchio que se transformou num ponto bastante concorrido pelos turistas com vários hotéis e restaurantes. Destaque para as praias de Palombaggia e Piantarella com suas areias brancas. O melhor hotel da Córsega fica exatamente nessa região, o Casa del Mar. Recomendo! Não consegui ficar hospedada pois estava lotado, as reservas devem ser feitas com boa antecedência. Fui almoçar no hotel e a-do-rei!!! 

Palombaggia.

Foi na Ilê Cavallo, que fiquei hospedada no Hotel & Spa des Pêcheurs por outros 3 dias. Um lugar idílico e muito sossegado. Prainhas lindas, com um mar que mais parece piscina de tão tranquilo, cercado por pedras. Cristiano Ronaldo esteve hospedado aqui no hotel na semana passada. O acesso é feito de barco a partir de Piantarella, em 10 minutos. No entanto, a cozinha do hotel é fraca e como você está distante do continente não é possível sair para jantar.

Hotel des Pecheurs.

Então, siga até Bastia pela planície Cote Oriental que liga Solenzara a Bastia e onde vem surgindo novos hotéis.

Se tiver com bastante tempo disponível explore o norte da ilha. Não tive tempo suficiente para ver tudo que queria. Passei 6 dias na Córsega e foi pouco. Adorei Propriano, Corte, San Damiano, Olmedo, Porto Vecchio mas fiquei totalmente apaixonada por Bonifácio e pelas praias do sul da ilha.

San Damiano.

MELHOR ÉPOCA PARA IR

Do final de junho ao início de setembro é altíssima temporada na Córsega. Verão europeu. O número de turistas chega a atingir a marca de 3 para 1 em relação aos habitantes. Algo parecido com o que acontece em Florianópolis e Trancoso nos meses de janeiro e fevereiro. Se você quer praia e bastante movimento, essa é a melhor época. No entanto, se sua intenção for visitar a Córsega com mais tranquilidade e temperatura amena escolha os meses de maio, início de junho, ou outubro. A ilha é famosa por suas trilhas de caminhada, e no inverno, algumas delas se tornam pistas de esqui. Nas montanhas é possível esquiar de dezembro a março. Já deu para perceber que não faltam opções. Tudo depende das suas preferências.

O verão é a época mais disputada na Córsega.

COMO CHEGAR

Dá para ir de ferry boat, inclusive levando o carro, a partir de Marseille (10 horas) ou Nice (5 horas) chegando em diferentes pontos da ilha, o tempo de travessia é grande. Mais fácil chegar de avião em Ajacio, Bastia, Figari ou Calvi, num voo de menos de uma hora a partir de Marseille. Voei de Air Corsica. Eu cheguei por Ajaccio e parti de Figari.

COMO CIRCULAR PELA ILHA

Alugue carro, pois o transporte público é fraco. As estradas são belíssimas. Mas, estreitas, cheias de curvas e lentas.

MOEDA: euro

IDIOMA: Francês é o idioma oficial.

HOTÉIS LEGAIS: O mais elegante do momento é o Casa del Mar. O mais charmoso é o Miramar. O mais escondidinho e tranquilo é o Hotel des Peuchers.

TEMPO IDEAL PARA CONHECER A CÓRSEGA. No mínimo 6 dias. Se puder fique de 10 a 14 dias é para circular pela ilha de norte a sul.

A Córsega roubou meu coração. 

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COMENTÁRIOS

  1. Aaamo seus textos! Tudo lindo e suas viagens são incríveis! Beijos, Ju Assreuy

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  2. Prezados Senhores(as),

    Solicito; com toda educação, o envio de um e-mail específico ao qual eu possa entrar em contato alguns meses a frente.

    Obrigado pela atenção dispensada à esta mensagem.

    Fernando Tavares
    ww.tavarestraducoes.com.br

    cadmet@bol.com.br

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  3. Desculpe, mas a maioria dos habitatantes da Córsga não falam corso, muito menos nas ruas. A língua corrente é o francès. Estudei lá...doutorado em literatura francesa! O corso resume-se ao ambiente acadêmico e, sobretudo, uma sobre influência do francês, sobretududo, na prosódia: dir-se-ia franseses tentando falar italiano. Poreém, há um movimento reivindicatório consistente de renovação e expansão da língua corsa.

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