SAFARI EM CORES - ÁFRICA DO SUL


Sai o tom cáqui — tradicional dos safáris africanos — e entra um caleidoscópio de cores para fazer jus à vibração de Liz Biden. Além de ser a proprietária do grupo The Royal Portfolio, ela é a alma do negócio. E não erra jamais. O design de alquimia irreverente traduz seu bom gosto em cada detalhe do Waterside, o mais novo dos quatro lodges do Royal Malewane aninhados na reserva particular de Thornybush, dentro do Great Kruger National Park, na África do Sul.

Matéria escrita por Claudia Liechavicius, para a edição 119 da revista The Traveller.

Se essa explosão de cores "fora do previsto" para a savana da África do Sul é capaz de estarrecer uma legião de celebridades com o porte de Oprah Winfrey, Elton John, Richard Gere e Bono Vox, pela capa da beleza jogada sobre o viés da conservação do planeta, não fugi à regra.

Atravessei a soleira do lodge e meu olhar se dividiu entre a estupenda decoração da sala aberta para a savana e a arruaça da manada que grunhia sem cerimônia no lago, ao redor do qual o lodge se espalha. Fiquei ali observando a cena ao mesmo tempo que era observada por um grupo de macacos curiosos. O diálogo com a natureza acontece por todas as frestas. Impossível não ser tocado pela riqueza da vida selvagem e por sua harmonia com cada detalhe do lodge, que tem a clara missão de cuidar da beleza do planeta.

Desde as áreas comuns — que englobam bar, salas de refeições, piscina, biblioteca, boutique, sala de jogos, gym e spa — até as suítes, a estética maximalista "lizbideana" estimula os sentidos com a expressividade dos detalhes, das texturas e da paleta divertida. Elementos inesperados trazem um toque de magia sem deixar de lado o conforto das sete casas (que recebem o máximo de 24 pessoas), muito menos o cuidado com a fauna e a flora. Somado a isso, o calor humano da equipe potencializa a experiência. Daniel, Lucas, Tyron, Reason e Simon são filhos da Mama África e formam uma grande família que faz com que os hóspedes se sintam em casa.

O resultado é um endereço fora do comum, acolhedor e ultraexclusivo. Cada acomodação tem a prevalência de uma cor-personalidade, e todas elas contam com belas obras de artistas locais, móveis caprichados e uma tapeçaria que faz o arremate perfeito. As salas de banho também não passam despercebidas. Amplas e iluminadas, têm ducha e banheira com vista para a savana. Vale lembrar que para o aquecimento da água, da piscina, do toalheiro, do piso e do ar-condicionado é utilizado um sistema hidrônico associado com painéis solares. O respeito pelo ecossistema fala alto.

Apesar de todo o conforto e infraestrutura, é preciso lembrar que o lodge está cercado de animais e que é necessário ter cuidado. Ver impalas passando à sua porta, gnus bebendo água no lago e ouvir a algazarra dos babuínos pulando nos telhados são situações constantes. Os quartos devem ficar sempre fechados e, durante a noite, só é permitido circular pela propriedade acompanhado por um ranger armado. Afinal, a Reserva de Thornybush tem em torno de 15 mil hectares conectados ao Great Kruger National Park, uma área gigantesca que corresponde ao tamanho do estado de Sergipe, no Brasil. O parque é habitado por mais de 40 espécies de mamíferos, incluindo os lendários Big Five (rinoceronte, elefante, búfalo, leão e leopardo), além de uma profusão de aves e répteis. Um verdadeiro santuário de vida selvagem.

O Waterside at Royal Malewane optou por não utilizar vedações herméticas, como outras reservas, o que demostra seu compromisso com a fauna local. Inclusive, possui cães treinados para combater a caça ilegal, que infelizmente ainda é uma realidade.

Como o propósito maior de uma viagem de safári é a imersão na natureza e o avistamento de animais em seu habitat natural, toda a rotina gira em torno dos game drives. Geralmente são feitos dois ao dia, um às 5 horas da manhã para ver a floresta acordando e outro no final do dia para observar a vida selvagem em outro momento. Algumas espé- cies têm hábitos noturnos e outras, diurnos. Quando a noite cai, o cená- rio muda e a luz das velas tremula como num conto de fadas, sendo complementada vez ou outra pelo grunhido de um hipopótamo ou pelo rugido de um leão.


Mas o que realmente faz a diferença nessa dinâmica do ciclo da vida, e traz a sensação de estarmos in- seridos em um documentário da National Geographic, é ter o acom- panhamento de um bom tracker e de um bom guia. Nesse quesito, a equipe do Royal Malewane é ph.D. Tive o tremendo privilégio de con- tar com Tyron, pilotando o Toyota Land Cruiser por caminhos inima- gináveis, e com a sensibilidade de Lucas, um dos cinco melhores “Master Trackers” da África.

O fato é que uma viagem para o coração da savana tem o poder de ampliar nossa paleta de cores. A transformação é inevitável, seja ela em tom sutil, seja vibrante. A magnitude da selva deixa explíci- to que cada passo dado ecoa pelo planeta. Somos responsáveis pela conservação da vida selvagem, pelo apoio às comunidades que ali vivem e por manter a natureza intocada enquanto somos embebidos pelas cores vivas da selva. Deixemos um pouco de nós.


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