ROSEWOOD SÃO PAULO: A EPIFANIA DE UM LEGADO DE VIDA NOS JARDINS DA BABILÔNIA

Em São Paulo, uma metrópole de faces infinitas e de ritmo vertiginoso, onde a vida pulsa em decibéis elevados, abre-se um portal de serenidade. Mais do que um hotel, o Rosewood São Paulo é um relicário arquitetônico vestido de declaração de amor à capital paulista, num endereço icônico que não apenas honra o tempo, mas o celebra.

Rosewood São Paulo.

A dois passos da efervescente avenida Paulista, esse santuário metropolitano se ergue em uma área de 30 mil metros quadrados, sobre os alicerces de um complexo de edifícios do início do século XX, tendo como âncora - simbólica e emocional - a antiga Maternidade Matarazzo, onde mais de 500 mil paulistanos deram seu primeiro suspiro. 


O Rosewood São Paulo ganha vida como um filho ilustre desse legado, marcando o maior projeto de upcycling do Brasil, orquestrado pela sensibilidade do empreendedor francês Alexandre Allard. Um renascimento em escala monumental, que inclui também uma nova torre vertical envelopada por jardins suspensos, onde tive o privilégio de ficar hospedada por três dias e posso afirmar: de cair o queixo!


Um oásis urbano no coração de São Paulo.

A curadoria desse projeto genial, que conecta a histórica Cidade Matarazzo com a haute couture da hotelaria mundial, sem esquecer por um segundo sequer da brasilidade e da conexão com a arte em todas as suas vertentes, é assinada pelo olhar genial de grandes figuras internacionais da arquitetura, como Jean Nouvel, vencedor do Prêmio Pritzker 2008, responsável pela impressionante ala denominada Torre Mata Atlântica, com 250 arvores de até 14 metros de altura, colocadas verticalmente fazendo lembrar os Jardins Suspensos da Babilônia; e Philipe Starck, renomado designer francês que transformou o hotel em uma galeria viva.

 

Arte por toda parte.

Cada elemento em cena convida à contemplação. Sem medo de cair no exagero kitsch, desde os mármores coloridos dos banheiros do lobby, subindo pelos elevadores que trocam os narcísicos espelhos por quadros instigantes da série “Etnografia da Flora Mágica brasileira” de Walmor Corrêa, chegando aos corredores do sexto andar repletos de painéis coloridíssimas de Ananda Nahú até às madeiras de origem local espalhadas pela propriedade, tudo é arte. E é exatamente isso que eleva o Rosewood São Paulo da categoria de hotel de luxo a uma experiência de epifania cultural.


Nos elevadores saem os espelhos e entram os quadros de Walmor Corrêa.

Starck não apenas decorou. Ele curou um acervo de aproximadamente 450 obras, convocando mais de 50 artistas e artesãos locais para tecerem a história multifacetada da brasilidade desde a arte de rua até chegar aos povos originários, incluindo esculturas, pinturas, azulejos, desenhos, tecidos e tapetes. Todo o acervo está catalogado em um livro disponível aos hóspedes tanto nos quartos como nos espaços públicos.


O hotel é, em essência, um grande museu de arte contemporânea, onde a filosofia “A Sense of Place”, que permeia a coleção global Rosewood, encontra sua expressão mais literal. A começar pelo nome. Rosewood, em inglês, faz referência a uma madeira brasileira tão nobre que chega a correr risco de extinção: o jacarandá-da-bahia.


Lobby Rosewood São Paulo.

Especial desde o primeiro passo, o lobby do Rosewood se funde ao “porte-cochère” - área coberta destinada ao embarque e desembarque de hóspedes e visitantes - pela Art Library. Estantes repletas de livros e cadeiras de couro, assinadas por Sérgio Bernardes, ocupam sem distinção os espaços internos e externos trazendo a sensação de continuidade através das paredes envidraçadas e da tapeçaria da artista plástica Regina Silveira – de cerca de 500 metros quadrados - ao avançar pelo lobby em nuances de cores que ditam as diferentes estações do ano, enquanto a fauna e a flora brasileira sobem as escadarias. Logo à frente, 260 quadros formam uma grande obra de Vik Muniz que narra com peculiaridade a história do Conde de Taraz ao preencher as paredes que levam aos restaurantes Taraz e Le Jardin.


Restaurante Le Jardin.

TRÊS CHAVES MICHELIN


Suas 181 luxuosas acomodações, além de 100 suítes privativas, estão divididas entre a ala restaurada e a nova torre. Minha hospedagem foi na Torre Mata Atlântica coberta por sofisticação, serenidade e elegância. Camas king size com enxoval Trousseau impecável e cardápio de travesseiros disponível aos hóspedes, televisão de 43 polegadas embutida num grande espelho móvel, cortinas automáticas, decoração requintada com muita brasilidade, flores naturais espalhadas pelo quarto e banheiro, violão assinado por Gilberto Gil pronto para musicar a estadia, banheiros espaçosos em mármore brasileiro com banheira e chuveiro em box separado, toalheiro térmico, produtos de higiene pessoal veganos Votary, vaso sanitário japonês TOTO com assento aquecido, cafeteira Illy, seleção de chás Dammann Frères e serviço simpático de abertura de cama com um livro de poesia deixado aberto em uma página aleatória para desejar boa noite. Mais simpático, impossível! Fácil entender as 3 chaves Michelin recebidas pelo Rosewood São Paulo. As comodidades também incluem seis restaurantes e bares, duas piscinas e o Asaya Spa, um verdadeiro refúgio de bem-estar.


Sofisticação e conforto nas acomodações do Rosewood São Paulo

DETALHES QUE FALAM


A conexão com a Maternidade Matarazzo é sutil, porém visceral, e se revela nos detalhes mais íntimos. No restaurante Blaise, por exemplo, encontramos um dos tesouros conceituais da propriedade. Nos corredores que ladeiam a cozinha, os azulejos pintados à mão por Fernando de La Rocque evocam, no primeiro instante, a tradição portuguesa. No entanto, um olhar mais atento revela em cada azulejo uma figura feminina em trabalho de parto. É uma homenagem poética e poderosa ao propósito original do edifício, num lembrete de que a vida, a arte e o luxo se encontram ali.


  
Cada azulejo revela a imagem de uma mulher em trabalho de parto.

O terreno do Rosewood também alcança a Capela de Santa Luzia, um ícone de 1922 primorosamente restaurado. O aclamado artista Vik Muniz criou rosetas de vidro em homenagem à padroeira, substituindo os vitrais originais descobertos durante a restauração. A capela, com sua arquitetura adornada, reabre para uma nova era de celebrações, simbolizando a continuidade da vida e da fé.


Capela de Santa Luzia.

E a tessitura artística se desdobra num enredo que merece ser acompanhado por um especialista no Tour das Artes para que todos os detalhes ganhem lentes de aumento desde os azulejos pintados à mão por Sandra Cinto na piscina da cobertura que nos transportam a um mundo de sonho; na vibração urbana que o artista de rua Caligrapixo injeta no coração do prédio da maternidade; no bar Rabo di Galo, onde o teto abobadado é transformado em um afresco cativante por Rodrigo de Azevedo Saad, o "Cabelo", e por aí vai. O Rosewood São Paulo é um destino que pede para ser percorrido sem pressa, com a mente aberta para a descoberta.


Piscina da cobertura com azulejos pintados por Sandra Cinto.

NÃO TEM ERRO


A cena gastronômica já virou referência na cidade. Seus seis restaurantes e bares são palco para uma culinária de classe internacional que utiliza ingredientes locais. O charmoso Le Jardin já é um hotspot. Com espaço acolhedor, banhado por luz natural, pé direito altíssimo e com serviço 24 horas por dia, é o cenário perfeito para um café da manhã espetacular, almoço casual ou jantar.


Le Jardin.

Com reservas disputadas, o Blaise foi inspirado no romancista franco-suíço Blaise Cendrars e serve uma mistura da culinária francesa influenciada por elementos da gastronomia brasileira. As paredes de madeira são incrustadas com pedras verdes que saltam aos olhos pelo modo de polimento feito nas mesmas máquinas usadas para lapidar diamantes. O menu experiência é obra do chef Fernando Bouzan e inclui um belo tartare de wagyu brasileiro e sobremesa feita a base de mate.


Restaurante Blaise.

Já, o Taraz destaca a culinária sul-americana, com menu em estilo compartilhado que enfatiza a arte da culinária a lenha, sob a consultoria do aclamado chef Felipe Bronze. Destaque para os braseados e para o bolo de macaxeira com coco. O restaurante fica em frente à coleção de oliveiras centenárias da propriedade e foi decorado por artistas e designers locais em estilo rústico-chique.


Famoso bolo de macaxeira do restaurante Taraz.

O bar Rabo di Galo tem ambiente intimista, inspirado nos clubes de jazz da década de 30, com móveis de couro, madeiras escuras e iluminação indireta. O destaque da arquitetura e da decoração é o teto pintado pelo artista plástico Rodrigo de Azevedo Saad, conhecido como “Cabelo”, com afrescos que apresentam figuras de religiões de matriz africana e dos povos indígenas brasileiros.


Rabo di Galo.

O rooftop abriga o Bela Vista Bar na área da piscina equilibrando a coquetelaria autoral com gastronomia mediterrânea num ambiente envolvente, com vista privilegiada para o skyline da cidade. O espaço mistura móveis de antiquário, iluminação intimista e obras de arte contemporânea, criando um cenário acolhedor e cheio de personalidade.


Bela Vista Bar.

WELLNESS BY ROSEWOOD


A experiência é completada no Asaya Spa by Guerlain, um retiro urbano de bem-estar integrativo, inaugurado em 2024, e reconhecido na premiação global “World Spa Awards” como melhor spa de hotel da América Latina pela segunda vez consecutiva. Sair do elevador e ser abraçado por elementos de design que incluem mobiliário e peças como as do artista Fabiano Senk, inspiradas nos diferentes tons de pele, flora e folclore brasileiro é o prenúncio de que a brasilidade estará presente no menu de terapias. Comece fazendo uma pausa na sala de cristais e então dirija-se a uma das sete salas de tratamento ou cumpra sua agenda na estupenda academia, com equipamentos de última geração, incluindo espaço de yoga e pilates, além de vestiários que levam às saunas e jacuzzi.


Asaya Spa by Guerlain.

Sala dos cristais no Asaya Spa by Guerlain.

ENFIM..


O Rosewood São Paulo é uma viagem em si. Uma homenagem sofisticada à memória, uma celebração audaciosa do futuro e um poema de amor inquestionável à personalidade multifacetada do Brasil. É onde o luxo e o legado se encontram para dar à luz uma nova era na hotelaria global. Afinal, a coleção Rosewood está presente em 42 destinos, sendo cada um deles projetado para revelar a essência do lugar e despertar nossos sentidos.


Rosewood São Paulo, um hotel em forma de poesia. 


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